Para responder à questão, leia um trecho de Tudo agora levantou, obra de Literatura de Cordel, de autoria de José Costa Leite.
O povo sofre desgosto
com seca, fome e imposto
capim santo e tira-gosto
teve gente que deixou
bolacha, manteiga e pão
fava verde e fruta-pão
alho, cebola e carvão
tudo agora levantou.
Subiu pressão e colchete
brilhantina e sabonete
subiu gelada e sorvete
caldo de cana aumentou
doce, peixe saboroso
peixe seco catingoso
até tabaco cheiroso
tudo agora levantou.
[...]
Chora o pobre hoje em dia
ganhando pouca quantia
porque até melancia
hoje em dia se danou
o óleo de carrapato
calango, preá e rato
até veado do mato
tudo agora levantou.
Caro leitor, vou dizer
O livrinho terminou
Se o leitor se agradou
Tenho aqui para vender
A todos quero atender
Leve um que não é chato
Eu vendo mesmo, de fato,
Inda digo sem desdém
Tudo levantou, porém
Eu só sei vender barato.
(Apud Marlyse Meyer. Autores de Cordel (Literatura comentada), 1972. Adaptado.)
A Literatura de Cordel tem suas origens
nas cantigas trovadorescas e nas novelas de cavalaria, que vieram na bagagem cultural dos primeiros colonizadores portugueses.
nos autos de Gil Vicente, peças de caráter religioso que tinham por objetivo convencer os indivíduos da importância de uma conduta moral.
nos cantos épicos de Os Lusíadas, de Camões, que os repentistas tentavam imitar e adaptar ao gosto dos brasileiros.
nos poemas líricos e sacros do barroco Gregório de Matos, que primava pelo domínio das regras do cultismo e do conceptismo.
nas estrofes de Marília de Dirceu, do árcade Tomás Antônio Gonzaga, marcadas pela referência às figuras mitológicas e à natureza brasileira.