Para responder à questão, leia, a seguir, o fragmento da letra da canção “Nóis é jeca mais é jóia”, composta em 1998 pelo tocantinense Juraildes da Cruz e incluída, em 2004, no CD “Cantoria de festa”, de Xangai, produzido pela Kuarup Discos.
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“Andam falando que nóis é caipira
que nossa onda é montar a cavalo
que nossa calça é amarrada com imbira
que nossa valsa é briga de galo
Andam falando que nóis é butina
mais nóis num gosta de tramóia
nóis gosta é das minina
nóis é jeca mais é jóia
mais nóis num gosta de jibóia
nóis gosta é das minina
nóis é jeca mais é joia”
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CRUZ, Juraildes da (compositor). Nóis é jeca mais é jóia. [Letra] Disponível em: https://www.cifraclub.com.br/juraildes-da-cruz/nois-ejeca-mais-e-joia/letra/ e em https://www.letras.mus.br/juraildes-da-cruz/704230/ Acesso em: 7 dez. 2020. Mantida a grafia original.
Sobre os recursos linguísticos usados no texto e seu(s) efeito(s) na constituição dos sentidos, é correto o que se afirma na alternativa:
pelo uso do discurso indireto, nos cinco primeiros versos, o autor dá voz ao outro e silencia a voz do caipira.
pelo uso do sujeito indeterminado em “Andam falando”, na 3ª pessoa do plural, o autor expressa o reconhecimento universal da identidade do sujeito urbano e instruído.
a contraposição da concordância gramaticalmente correta (“Andam falando”) à não padrão (“nóis é caipira”; “nóis [num] gosta”; “das minina”) representa uma tentativa de adaptar a fala do caipira ao modelo urbano, para fugir da estigmatização.
a partir do 6º verso, o uso do pronome de primeira pessoa do plural, na função gramatical de sujeito simples, e dos verbos “ser” e “(não) gostar” representa um sujeito que se posiciona como coletividade e que assume a identidade caipira.
a palavra “jóia” corresponde a uma metáfora, sugerindo a valorização do homem do campo, ou como gíria, que, por pertencer ao repertório de uma geração do século passado, reforça a qualificação negativa do sujeito caipira.