ENEM 2013

Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).


A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja

a

exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.

b

consagração do poder político pela autoridade religiosa.

c

concentração do poder nas mãos de elites técnico-cientifícas.

d

estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.

e

reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito.

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Resposta
D
Tempo médio
1 min

Resolução

A questão apresenta um trecho adaptado de "Do espírito das leis" de Montesquieu, um dos mais influentes filósofos do Iluminismo. O texto descreve a sua famosa teoria da separação dos poderes como fundamental para evitar o abuso e garantir a liberdade.

1. Compreensão do Texto Base: Montesquieu argumenta que a concentração de poder (legislativo, executivo e judiciário) nas mãos de uma única pessoa ou corpo leva à tirania e à perda da liberdade. Para evitar isso, ele propõe que "o poder seja contido pelo poder". Isso significa dividir o poder do Estado em três ramos distintos e independentes:

  • Poder Legislativo: Responsável por fazer as leis.
  • Poder Executivo: Responsável por executar as leis (resoluções públicas).
  • Poder Judiciário: Responsável por julgar os crimes e as divergências (conflitos entre indivíduos), aplicando as leis.

A independência e a separação desses poderes são, segundo o autor, a condição essencial para a existência da liberdade política.

2. Análise do Enunciado: O enunciado reafirma a tese central do texto: "A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um Estado". Em seguida, pergunta sob qual modelo político isso pode ocorrer.

3. Avaliação das Alternativas:

  • A - Incorreta. Exercício de tutela (controle externo) sobre atividades jurídicas e políticas contradiz a ideia de independência entre os poderes.
  • B - Incorreta. A consagração do poder político pela autoridade religiosa não tem relação direta com a separação funcional dos poderes proposta por Montesquieu. Ele foca na estrutura interna do poder estatal.
  • C - Incorreta. A concentração de poder, mesmo que em elites técnico-científicas, é exatamente o que Montesquieu condena. A separação visa distribuir, não concentrar o poder.
  • D - Correta. A separação dos poderes, com cada poder tendo suas funções e a capacidade de fiscalizar os outros (sistema de freios e contrapesos, implícito na ideia de "o poder contendo o poder"), inerentemente estabelece limites aos atores públicos (governantes, legisladores, juízes) e às próprias instituições do governo (Legislativo, Executivo, Judiciário). Esses limites são a garantia contra o abuso de poder e, consequentemente, a condição para a liberdade.
  • E - Incorreta. A reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante, mesmo que eleito, é a definição da tirania que Montesquieu buscava evitar com a separação dos poderes. O texto é explícito ao afirmar que "Tudo estaria perdido" nesse cenário.

Conclusão: O modelo político que permite a liberdade, segundo a lógica de Montesquieu apresentada no texto, é aquele que implementa a separação e a independência dos poderes como forma de impor limites à ação do governo e de seus agentes, conforme descrito na alternativa D.

Dicas

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Preste atenção à frase-chave: "é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder". O que isso implica na prática?
Reflita sobre por que Montesquieu considera perigoso que os três poderes estejam nas mesmas mãos.
Pense em como a divisão de tarefas entre diferentes órgãos do governo impede que um deles se torne todo-poderoso.

Erros Comuns

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Confundir a separação de poderes com a concentração de poder em algum grupo específico (como elites ou um governante eleito).
Não perceber que a separação dos poderes é, em si, um mecanismo de limitação do poder estatal.
Interpretar a contenção do poder ("o poder seja contido pelo poder") como uma forma de tutela externa, e não como o sistema de freios e contrapesos entre os poderes.
Achar que a eleição de um governante legitima a concentração de poderes em suas mãos, ignorando a advertência de Montesquieu.
Desconsiderar o foco do texto na estrutura interna do poder e desviar para questões externas como a influência religiosa.
Revisão

A Teoria da Separação dos Poderes, formulada principalmente pelo filósofo iluminista Montesquieu (Charles-Louis de Secondat, Barão de La Brède e de Montesquieu) em sua obra "O Espírito das Leis" (1748), defende a divisão das funções essenciais do Estado em órgãos distintos e independentes para evitar a concentração de poder e garantir a liberdade.

Os três poderes tradicionalmente identificados são:

  • Poder Legislativo: Cria as leis.
  • Poder Executivo: Administra o Estado e executa as leis.
  • Poder Judiciário: Interpreta e aplica as leis aos casos concretos, julgando conflitos.

A ideia central é que cada poder deve ter autonomia em sua esfera de atuação, mas também mecanismos para controlar e fiscalizar os outros (sistema de freios e contrapesos ou checks and balances), impedindo que qualquer um deles se torne absoluto e ameace os direitos dos cidadãos.

43%
Taxa de acerto
11.8
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Habilidade

Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.

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