Pablo Neruda, poeta chileno, é o personagem principal de O carteiro e o poeta, romance de Antonio Skármeta. No trecho abaixo, o poeta conversa com o carteiro, que acabara de entregar-lhe a correspondência:
“- Como é, dom Pablo?!
- Metáforas, homem!
- Que são essas coisas?
O poeta colocou a mão sobre o ombro do rapaz.
- Para esclarecer mais ou menos de maneira imprecisa, são modos de dizer uma coisa comparando com outra.
- Dê-me um exemplo...
Neruda olhou o relógio e suspirou.
- Bem, quando você diz que o céu está chorando. O que é que você quer dizer com isto?
- Ora, fácil! Que está chovendo, ué!
- Bem, isso é uma metáfora.
- E por que se chama tão complicado, se é uma coisa tão fácil?
- Porque os nomes não têm nada a ver com a simplicidade ou complexidade das coisas. Pela sua teoria, uma coisa pequena que voa não deveria ter um nome tão grande como mariposa. Elefante tem a mesma quantidade de letras que mariposa, é muito maior e não voa – concluiu Neruda, exausto. Com um resto de ânimo indicou ao solícito Mario o rumo da enseada. Mas o carteiro teve a presença de espírito de dizer:
- Puxa, eu bem que gostaria de ser poeta!”
(SKÁRMETA, Antonio. O carteiro e o poeta. Tradução de Beatriz Sidou para Ardiente paciência, 1985. Rio de Janeiro: Record, 1996)
Escolha a alternativa que não interpreta corretamente o texto.
Mario deseja ser poeta para brincar com a linguagem.
Neruda explica que os nomes das coisas não precisam ter relação com seus atributos.
Neruda parecia estar preocupado com o tempo que dispensava à conversa.
Chuva, mariposa e elefantes são metáforas.
As metáforas podem expressar sentidos pela comparação.