Os Textos 5, 6, 7 e 8 servem de base à Questão.
Texto 5
Quem deixa o trato pastoril, amado,
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos, trasladado
No gênio do Pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado.
Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre:
Um só trata a mentira, outro a verdade.
[...]
COSTA, Cláudio Manuel da. Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Excertos. Disponível em: Acesso em: 05 jul. 2021.
Texto 6
Sou Pastor; não te nego; os meus montados
São esses, que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia dos meus gados;
Ali me ouvem os troncos namorados,
Em que se transformou a antiga gente;
Qualquer deles o seu estrago sente;
Como eu sinto também os meus cuidados.
[...]
COSTA, Cláudio Manuel da. Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Excertos. Disponível em: Acesso em: 05 jul. 2021.
Texto 7
Enquanto pasta, alegre, o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive, nos descobre
A sábia Natureza.
GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: DCL, 2010. Excertos.
Texto 8
Com base na leitura dos Textos 5, 6, 7 e 8, e considerando as características do Arcadismo no Brasil, assinale a alternativa CORRETA.
O Arcadismo retomou temas conflituosos do Classicismo, conforme ilustra o Texto 5, o qual apresenta linguagem rebuscada na representação do “fugere urbem” (“fugir da cidade”) e do conflito existencial do eu lírico quanto às antíteses pobreza e riqueza, representativas das imagens campo e cidade, respectivamente.
Os Textos 6 e 7 exploram a temática do “carpe diem” (“aproveitar o dia”) na representação de imagens bucólicas da natureza e da figura feminina, por meio do Cultismo e do Conceptismo, marcantes na poesia árcade brasileira.
Os Textos 5, 6, 7 e 8 dialogam na representação do “locus amoenus” (“lugar ameno”), do “carpe diem” (“aproveitar o dia”) e do “inutilia truncat” (“cortar as inutilidades”), na imagem da natureza como local mítico, calmo e inatingível.
A natureza apresenta-se como local calmo e sereno, onde os pastores e as suas musas inspiradoras desfrutam da tranquilidade da vida no campo, conforme se nota nos Textos 7 e 8.
Os Textos 5, 6 e 7 são exemplos da poesia árcade conceptista e neoclássica, com linguagem figurada composta por antíteses e hipérbatos na representação da natureza bucólica como espaço utópico.