[...] os primeiros socialistas faziam críticas interessantes e sonhavam longe. Mas não foram capazes de tirar as ideias do livro para a realidade. Seus projetos não passaram de belos sonhos irrealizáveis, ou seja, utopias. Por isso, receberam o apelido irônico de socialistas utópicos.
Como se poderia então chegar ao socialismo? Esses socialistas eram utópicos por não poder responder direito à essa pergunta. Caberia a dois pensadores alemães do século XIX, Marx e Engels, criticar os utópicos (a expressão irônica foi inventada por eles). Para eles, o socialismo só seria possível (e necessário) depois que a sociedade tivesse alcançado um alto desenvolvimento capitalista. Mais ainda, a única força para a transformação social estaria na classe social criada e reforçada pelo capitalismo: o proletariado. (SCHMIDT, 2005, p. 388).
O socialismo difundido no Brasil, no período que antecedeu à II Guerra Mundial, diferia das características marxistas indicadas no texto, no que diz respeito
ao desenvolvimento capitalista da sociedade que, no Brasil da década de 30 do século passado, ainda apresentava um caráter essencialmente agrícola e exportador.
à ampla penetração da propaganda comunista entre o proletariado brasileiro e às greves então organizadas.
ao discurso essencialmente utópico, contido nos textos escritos por Luís Carlos Prestes.
à aliança político-partidária estabelecida entre os socialistas e os componentes da Ação Integralista Brasileira.
à legalização do Partido Comunista, para a composição da Assembleia Constituinte, que elaborou a Constituição de 1946.