Os poetas simbolistas renunciavam à tradução da forma fixa do objeto em favor do ritmo do devir, da fugacidade do momento. Buscavam a expressão de algo que escapa a uma forma definida e não é abordável por um caminho direto.
A partir desses poetas, a poesia ocidental vive um momento em que a objetividade e o tom escultural do Parnasianismo [ou seja, o seu culto da forma e do descritivo] cedem lugar à evocação sugestiva e musical. Em lugar da exatidão, o vago.
(Lígia Cademartori. Períodos literários, 1987. Adaptado.)
Assinale a alternativa em que se verifica um trecho de um poema simbolista.
Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente
E mármor da Lacônia. O teto caprichoso
Mostra, em prata incrustado, o nácar do oriente.
Parado o engenho, extintas as senzalas,
Sem mais senhor, existe inda a fazenda,
A envidraçada casa de vivenda
Entregue ao tempo com as desertas salas.
É um velho paredão, todo gretado,
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
Deixou num cacto em flor ensanguentado
E num pouco de musgo em cada fenda.
Visões, salmos e cânticos serenos,
surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Guiava à casa do morro, em voltas, o caminho,
Até lhe ir esbarrar com as orlas do terreiro;
Dava-lhe o doce ingá, rachado ao sol, o cheiro,
E um rumor de maré o cafezal vizinho.