Os parnasianos brasileiros se distinguem dos românticos pela atenuação da subjetividade e do sentimentalismo, pela ausência quase completa de interesse político no contexto da obra e pelo cuidado da escrita, aspirando a uma expressão de tipo plástico.
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.)
A referida “atenuação da subjetividade e do sentimentalismo” está bem exemplificada na seguinte estrofe do poeta parnasiano Alberto de Oliveira (1859-1937):
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
Erguido em negro mármor luzidio,
Portas fechadas, num mistério enorme,
Numa terra de reis, mudo e sombrio,
Sono de lendas um palácio dorme.
Eu vi-a e minha alma antes de vê-la
Sonhara-a linda como agora a vi;
Nos puros olhos e na face bela,
Dos meus sonhos a virgem conheci.
Longe da pátria, sob um céu diverso
Onde o sol como aqui tanto não arde,
Chorei saudades do meu lar querido
– Ave sem ninho que suspira à tarde. –
Eu morro qual nas mãos da cozinheira
O marreco piando na agonia…
Como o cisne de outrora… que gemendo
Entre os hinos de amor se enternecia.
A questão pede para identificar a estrofe do poeta parnasiano Alberto de Oliveira que melhor exemplifica a "atenuação da subjetividade e do sentimentalismo", característica central do Parnasianismo, conforme descrito por Antonio Candido.
Análise da definição: O texto introdutório destaca que os parnasianos se diferenciam dos românticos pela diminuição (atenuação) da expressão de sentimentos pessoais (subjetividade, sentimentalismo) e pelo foco na forma e na descrição objetiva, quase visual ("expressão de tipo plástico").
Análise das opções:
Conclusão: A estrofe da opção B é a única que se alinha com a característica parnasiana de atenuar a subjetividade e o sentimentalismo, privilegiando a descrição objetiva e a impessoalidade. As demais opções apresentam forte carga subjetiva e sentimental, típicas do Romantismo.
O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na França na segunda metade do século XIX, em reação ao subjetivismo e sentimentalismo do Romantismo. No Brasil, teve seu apogeu entre as décadas de 1880 e 1890, com destaque para a "tríade parnasiana": Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira.
Principais características:
Essas características contrastam fortemente com o Romantismo, que valorizava a liberdade formal, a expressão do eu, o sentimentalismo exacerbado, o nacionalismo e, por vezes, o engajamento social.