Os médicos recomendam: leia para seu filho todos os dias
Um estudo da Academia Americana de Pediatria mostra que até os bebês são beneficiados pela leitura
Graças a uma recomendação
da Academia Americana de
Pediatria (AAP), pediatras
americanos passaram a orientar
famílias sobre a importância da leitura.
A indicação médica é que os pais
leiam para seus filhos todos os dias,
principalmente para crianças pequenas,
com menos de três anos.
A decisão foi tomada com base
num estudo que afirma que a
exposição à leitura desde cedo ajuda
no desenvolvimento cerebral e melhora
o desempenho escolar no futuro,
além de estreitar os laços familiares.
Numa reportagem da Folha de
S.Paulo, pediatras brasileiros afirmam
que também vão aderir à recomendação.
Se isso se confirmar, a experiência
pode ser transformadora para a
leitura do país. Não só por formar
leitores desde a infância, mas também
(e talvez principalmente) por incentivar
os pais a retomar o contato
com os livros.
Ao mirar na educação das
crianças, sem dúvida uma boa causa
por si só, os pediatras podem ajudar a
resolver um problema crônico dos
adultos. Segundo a pesquisa Retratos
da Leitura no Brasil, desde 2012, mais
da metade da população brasileira é
de não-leitores: pessoas que não
leram nenhum livro nos últimos três
meses. Apenas 16% desses nãoleitores
são estudantes. O verdadeiro
desastre está entre as pessoas que já
pararam de estudar: 84% dos nãoleitores
estão nessa categoria. A
média de livros lidos também diminui
à medida que a idade adulta chega.
Crianças de 5 a 10 anos leem 5,4
livros por ano. Dos 11 aos 13, a média
aumenta ainda mais e chega aos 6,9.
O número desaba a partir dos 18
anos, com o fim do Ensino Médio, e
continua a cair com a idade. Na faixa
dos 40 aos 49 anos, por exemplo, a
média é de dois livros lidos por ano ‒
menos de um terço da média entre os
pré-adolescentes.
Os números indicam que as
escolas até conseguem criar algum
interesse pela leitura entre as crianças.
Quando surgem novas responsabilidades,
como trabalhar e criar
filhos, os livros são deixados de lado.
Ao transformar a leitura diária
com os filhos em prescrição médica,
os pediatras darão aos pais um novo
incentivo para redescobrir o prazer da
leitura. Como se não bastassem todos
os benefícios ao desenvolvimento
intelectual dos bebês, a recomendação
pode criar algo ainda mais
duradouro: famílias que têm o hábito
de ler. Uma criança que cresce entre
os livros e vê seus pais lendo tem tudo
para se tornar um pai que também lê
para seus filhos ‒ com ou sem recomendação
médica.
VENTICINQUE, D. Época . 17. jul. 2014. Disponível em: <http://epoca.globo.com>. Acesso em: 24 ago. 2015. (Adaptado).
Com relação a aspectos de conteúdo e recursos linguísticos empregados no texto, assinale a alternativa que apresenta uma análise INCORRETA.
As referências à recomendação da APP e à reportagem da Folha de S. Paulo são usadas como fontes de informações sobre o tema nos Estados Unidos e no Brasil, respectivamente.
Segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, quanto à média de livros lidos, préadolescentes leem mais que os adultos e menos que as crianças.
Dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, de 2012, são trazidos para demonstrar os baixos índices de leitura entre brasileiros, evidenciados por termos como “verdadeiro desastre” (ℓ.36-37) e “número desaba” (ℓ.45).
Os termos “Não só” (ℓ.21) e “mas também” (ℓ.22-23) articulam duas justificativas para a tese de que a recomendação da leitura por pediatras brasileiros pode ser transformadora para a leitura no país.
O argumento de que crianças tornam-se leitores ao presenciarem seus pais lendo está embasado na máxima de que os filhos são o espelho dos pais.