Os habitantes do continente americano realizaram uma das mais surpreendentes demonstrações de história cumulativa do mundo: domesticando as mais variadas espécies vegetais para sua alimentação, seus remédios e seus venenos e – fato nunca antes igualado – promovendo substâncias venenosas como a mandioca ao papel de alimento de base. Para apreciar essa obra imensa, basta medir a contribuição da América às civilizações do Velho Mundo: a batata, a borracha, o tabaco, a coca (base da anestesia moderna), o milho, o cacau, o tomate, o ananás.
(Claude Lévi-Strauss. Raça e história, 1995. Adaptado.)
O excerto faz uma descrição de aspectos duradouros das culturas pré-colombianas e de decorrências da colonização do continente americano pelos europeus, acentuando
a ausência de intercâmbio cultural entre civilizações de formações sociais distintas e o caráter estacionário da economia americana.
o primitivo estágio evolutivo das sociedades ameríndias e a dependência da economia americana da coleta vegetal.
a predominância dos fatores de violência da dominação europeia e a forte resistência dos povos americanos à conquista de suas terras.
o papel das ciências europeias na exploração de riquezas naturais e a revolução da economia americana com a introdução de produtos exógenos.
a aculturação de espécies naturais e a constituição de uma sabedoria de intervenção na natureza socialmente transmitida.