ENEM 2016 terceira aplicação

Os escravos tornam-se propriedade nossa seja em virtude da lei civil, seja da lei comum dos povos; em virtude da lei civil, se qualquer pessoa de mais de vinte anos permitir a venda de si própria com a finalidade de lucrar conservando uma parte do preço da compra; e em virtude da lei comum dos povos, são nossos escravos aqueles que foram capturados na guerra e aqueles que são filhos de nossa escravas.

CARDOSO, C. F. Trabalho compulsório na Antiguidade. São Paulo: Graal, 2003.

A obra Institutas, do jurista Aelius Marcianus (século III d.C.), instrui sobre a escravidão na Roma antiga. No direito e na sociedade romana desse período, os escravos compunham uma

a

mão de obra especializada protegida pela lei.

b

força de trabalho sem a presença de ex cidadãos.

c

categoria de trabalhadores oriundos dos mesmos povos.

d

condição legal independente da origem étnica do indivíduo

e

comunidade criada a partir do estabelecimento das leis escritas.

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Resposta
D
Tempo médio
1 min

Resolução

A questão pede para identificar a característica da categoria dos escravos na sociedade e no direito romano do século III d.C., com base no texto do jurista Aelius Marcianus.

Passo 1: Analisar o texto-base. O texto das Institutas de Marcianus descreve como as pessoas se tornavam escravas em Roma:

  • Lei Civil: Pessoas com mais de 20 anos que permitiam ser vendidas para lucrar com parte do preço (auto-venda fraudulenta).
  • Lei Comum dos Povos (Ius Gentium): Capturados em guerra.
  • Lei Comum dos Povos (Ius Gentium): Filhos de mães escravas (partus sequitur ventrem).

Passo 2: Avaliar as origens dos escravos. As origens listadas são diversas:

  • A auto-venda podia envolver pessoas livres (possivelmente cidadãos romanos ou outros habitantes livres do império).
  • Os capturados em guerra vinham de diversos povos inimigos de Roma, sem distinção étnica específica.
  • Os filhos de escravas herdavam a condição da mãe, independentemente da origem étnica dela ou do pai.

Passo 3: Conectar as origens à natureza da escravidão romana. A diversidade de origens indica que a escravidão em Roma não estava fundamentalmente ligada a uma etnia ou povo específico. Qualquer pessoa, independentemente de sua origem étnica, poderia se tornar escrava devido a circunstâncias como guerra, nascimento ou ações específicas (como a auto-venda mencionada). Portanto, a escravidão era primariamente uma condição legal definida por essas circunstâncias.

Passo 4: Analisar as alternativas à luz dessa conclusão.

  • A: O texto não menciona especialização nem proteção legal (escravos eram propriedade). Incorreta.
  • B: A auto-venda sugere que ex-cidadãos ou pessoas livres poderiam se tornar escravos. Incorreta.
  • C: As capturas de guerra e a diversidade das mães escravas indicam origens múltiplas, não de um mesmo povo. Incorreta.
  • D: A diversidade de origens (guerra, nascimento, auto-venda) confirma que a escravidão era uma condição legal que podia afetar indivíduos de qualquer origem étnica. Correta.
  • E: As leis escritas definiam e regulavam a escravidão, mas não 'criaram' a comunidade escrava no sentido de que as fontes (guerra, nascimento) existiam independentemente da codificação específica. A lei formalizava uma condição social e econômica. Incorreta.

Conclusão: O texto de Marcianus demonstra que a escravidão romana era uma condição legal resultante de diversas circunstâncias (guerra, nascimento, auto-venda), aplicável a indivíduos independentemente de sua origem étnica. A alternativa que melhor reflete isso é a D.

Dicas

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Identifique no texto as três maneiras distintas pelas quais alguém se tornava escravo.
Pense se essas maneiras apontam para uma única origem (étnica, geográfica) ou para múltiplas origens.
Avalie se o fator determinante para ser escravo, segundo o texto, é a etnia ou uma condição definida pela lei (nascimento, guerra, venda).

Erros Comuns

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Assumir que a escravidão romana era similar à escravidão moderna baseada em raça, levando a rejeitar a ideia de independência étnica (Opção D).
Interpretar "lei civil" como aplicável apenas a não-cidadãos, ignorando que cidadãos também estavam sujeitos a certas regras civis, incluindo a possibilidade (embora talvez rara ou fraudulenta, como no texto) de auto-venda.
Focar apenas na captura de guerra e generalizar que todos os escravos eram estrangeiros, ignorando o nascimento e a auto-venda.
Não compreender que a escravidão era, acima de tudo, um estatuto jurídico em Roma.
Confundir a formalização legal da escravidão com a sua criação como fenômeno social (erro relacionado à opção E).
Revisão

Revisão de Conceitos: Escravidão na Roma Antiga

A escravidão foi uma instituição fundamental na sociedade e economia romana. Diferente de sistemas escravistas posteriores (como o atlântico), a escravidão romana não se baseava primariamente em raça ou etnia.

Fontes da Escravidão: Conforme o texto e o conhecimento histórico:

  • Prisioneiros de Guerra: Uma das fontes mais significativas. Romanos escravizavam povos conquistados.
  • Nascimento: Filhos de mãe escrava nasciam escravos (princípio partus sequitur ventrem).
  • Dívidas: Em períodos mais antigos, cidadãos podiam ser escravizados por dívidas (posteriormente abolido para cidadãos romanos).
  • Venda/Auto-venda: Pessoas podiam ser vendidas como escravas, incluindo crianças expostas ou vendidas por pais pobres, e até mesmo adultos em certas circunstâncias (como a mencionada no texto).
  • Punição por Crimes: Certos crimes podiam levar à escravidão.

Status Legal: Escravos eram considerados propriedade (res) sob a lei romana, sem direitos legais próprios. Podiam ser comprados, vendidos, alugados ou legados. No entanto, existia a possibilidade de manumissão (libertação), pela qual um escravo poderia se tornar um liberto, ganhando liberdade e, eventualmente, até cidadania.

Ius Civile e Ius Gentium: O texto menciona esses dois conceitos do direito romano.

  • Ius Civile (Direito Civil): Leis aplicáveis especificamente aos cidadãos romanos. A auto-venda mencionada cai sob essa categoria.
  • Ius Gentium (Direito dos Povos/Nações): Considerado um corpo de leis comum a todos os povos, baseado na razão natural. A escravidão por captura em guerra ou por nascimento era geralmente regulada por este direito, pois afetava tanto romanos quanto não-romanos.

Entender que a escravidão romana era uma condição legal aplicável a diversas pessoas por diversas razões, e não uma condição inerente a um grupo étnico, é crucial para interpretar o texto corretamente.

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