Os egípcios viam a criação do mundo como uma espécie de ilha de ordem cercada pelas forças do caos, que a ameaçavam constantemente de aniquilação, da mesma forma como o Delta e o Vale férteis e organizados estavam cercados pelos desertos hostis e anárquicos.
(Ciro F. S. Cardoso. O Egito Antigo, 1982. Adaptado.)
O texto ajuda compreender o motivo de, no Egito Antigo, as práticas religiosas
estarem desconectadas da experiência cotidiana, pois se acreditava que as divindades pouco interferiam nos movimentos da natureza e nos destinos humanos.
dependerem da intermediação de sacerdotes, que condenavam atitudes dos fiéis, como o ócio, a busca da riqueza ou a prática sexual não voltada à procriação.
serem utilizadas pelos governantes como forma de iludir e enganar a população pobre, que passou a acreditar que os faraós eram representantes dos deuses na Terra.
penetrarem todos os aspectos da vida pública e privada, como nas cerimônias para garantir a chegada da inundação, agradecer a colheita ou procriar.
restringirem-se à nobreza e aos sacerdotes, uma vez que a maior parte da população era analfabeta e não tinha acesso aos textos míticos e às obras religiosas.