Os danos da concisão
O fenômeno é democrático, atinge diferentes meios expressivos e até os redatores tarimbados, e é provável que seja fruto de uma era de consumismo desenfreado, impaciência e pressa sem critério. Na disputa pela atenção do leitor, diferentes mídias e manuais de escrita prêt-à-porter vendem como eureca a solução dos textos mais curtos, em doses, com o essencial das informações e afirmações em jogo.
O problema é que a oferta alcança não só os candidatos a bons redatores, mas a demanda de quem deseja fazer pouco, mas ter muito. A falta de tempo e paciência para leitura pode até já estar inscrita no código genético da comunicação contemporânea. Está lá, ao menos, nas abreviações de relatórios de trabalho, nos anúncios publicitários mais lacônicos, nas exigências de redações para vestibulares, nas versões simplificadas de obras literárias de fôlego, nos resumos de fatos da semana, nas notas informativas da internet, nas colunas de fácil digestão.
Para especialistas, no entanto, a fórmula “menos é mais” nem sempre é válida em qualquer circunstância quando o assunto é redigir um texto de qualidade. A concisão depende do contexto, não deve ser vista como cláusula pétrea da escrita.
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A elefantíase da concisão faria perder de vista a eficácia da página em nome de habilidades aparentes do escritor. Não é problema novo. Em 1957, o argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) batizou o fenômeno de “superstição de estilo” no livro Discussão (Bertrand Brasil, 1994:15). A expressão traduz a crença de que toda concisão é sempre virtude, mas toma por conciso “quem se demora em dez frases breves e não maneje uma frase longa”, escreve Borges.
(GOMEZ, Natalia. Os danos da concisão. Revista Língua Portuguesa. nº 67, mai.2011. p. 22-25.Adaptado)
A autora acredita que o fenômeno do texto conciso, que atinge diferentes meios expressivos até os redatores tarimbados, se justifica porque:
Uma das qualidades do bom redator é ser conciso, por isso significa escrever pouco.
O texto curto evita redundâncias e corta o excesso, mesmo sem atingir a eficácia da comunicação.
Provavelmente seja consequência da era do consumismo desenfreado, impaciência e pressa sem critério.
Na disputa pela atenção do leitor, vale qualquer estratégia para repassar um texto mais curto, embora comprometa as informações essenciais.
O tempo curto não dá mais para escrever textos longos, já que, para os especialistas, a fórmula “menos é mais” sempre é válida.
Ao analisar a questão, percebe-se que o texto apresenta uma discussão sobre a concisão na escrita, mencionando que diversos meios de comunicação e até mesmo redatores experientes adotam textos mais curtos como solução em um contexto de imediatismo. No entanto, o texto critica essa prática, indicando que a concisão excessiva, chamada de 'elefantíase da concisão', pode comprometer a qualidade e eficácia da comunicação. A autora menciona a opinião de especialistas e faz referência a Jorge Luis Borges para argumentar contra a crença de que a concisão é sempre uma virtude. A alternativa correta é a que melhor reflete esse contexto apresentado pelo texto.
Considere o contexto geral do texto e o argumento central da autora sobre concisão e qualidade na escrita.
Atente-se para o fato de que o texto menciona críticas à concisão excessiva e não a valoriza como uma qualidade absoluta.
Reflita sobre o impacto do consumismo e da cultura de imediatismo na comunicação contemporânea, conforme apresentado no texto.
Confundir concisão com a ideia de que escrever pouco é uma qualidade inata do bom redator.
Ignorar a crítica à concisão excessiva e focar somente na eliminação de redundâncias.
Não se aplica, pois é a opção correta.
Assumir equivocadamente que a disputa pela atenção do leitor justifica a adoção de qualquer estratégia de concisão.
Misinterpretar a visão dos especialistas e a validade universal da fórmula "menos é mais".
O conceito principal envolvido na questão é a concisão na escrita, que é a habilidade de expressar ideias de forma clara e breve, sem redundâncias ou excessos. Entretanto, é importante entender que a concisão deve ser equilibrada e adequada ao contexto para que a comunicação seja eficaz e não perca elementos essenciais ou nuances importantes do conteúdo.