Os autores árcades reagiram aos exageros inspirados na frase de Horácio, “Fugere urbem” (fugir da cidade), e foram levados pela teoria de Rousseau acerca do “bom selvagem”. Assim, voltam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril.
Qual opção traz um exemplo de poesia com essas características
“Se sou pobre pastor, se não governo/ Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;/ Se em frio, calma, e chuvas inclementes/ Passo o verão, outono, estio, inverno;/ Nem por isso trocara o abrigo terno/ Desta choça, em que vivo, co’as enchentes/ Dessa grande fortuna: assaz presentes/ Tenho as paixões desse tormento eterno.
“Ó tu do meu amor fiel traslado/ Mariposa entre as chamas consumida,/ Pois se à força do ardor perdes a vida,/ A violência do fogo me há prostrado./ Tu de amante o teu fim hás encontrado,/ Essa flama girando apetecida;/ Eu girando uma penha endurecida,/ No fogo que exalou, morro abrasado.”
“Existe uma flor que encerra/ Celeste orvalho e perfume./ Plantou-a em fecunda terra/ Mão benéfica de um nume./ Um verme asqueroso e feio,/ Gerado em lodo mortal,/ Busca esta flor virginal/ E vai dormir-lhe no seio.''
“Em mim também, que descuidado vistes,/ Encantado e aumentando o próprio encanto, Tereis notado que outras cousas canto/ Muito diversas das que outrora ouvistes./ Mas amastes, sem dúvida... Portanto,/ Meditai nas tristezas que sentistes:/ Que eu, por mim, não conheço cousas tristes,/ Que mais aflijam, que torturem tanto.”
“Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma./ A alma é que estraga o amor./ Só em Deus ela pode encontrar satisfação./ Não noutra alma./Só em Deus - ou fora do mundo./ As almas são incomunicáveis./ Deixa o teu corpo/ Entender-se com outro corpo./ Porque os corpos se entendem, mas as almas não.”