Oh retrato da morte, oh noite amiga
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha do meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!
Pois manda Amor, que a ti somente os diga,
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel, que a delirar me obriga:
E vós, oh cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!
Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores.
(Bocage. Sonetos, 1994.)
Nesse poema, predomina
o sentimentalismo exagerado, pois o eu lírico expressa seu amor não correspondido. Trata-se de um poema romântico, que traduz o descontrole emocional.
o subjetivismo, pois o eu lírico expressa seu pessimismo existencial. Trata-se de um poema árcade, no qual há prenúncios de características românticas.
a idealização de uma relação amorosa, pois o eu lírico sugere poder reverter o amor não correspondido. Trata-se de um poema barroco, que expressa os dilemas do amor.
a sugestão de descontrole emocional, pois o eu lírico recorre à noite como forma de fugir da tristeza amorosa. Trata-se de um poema romântico, que traduz a ideia de morte.
a objetividade, pois o eu lírico analisa friamente a decepção amorosa por que passa. Trata-se de um poema árcade, que privilegia a expressão comedida do sentimento.