Observe os dois trechos a seguir retirados dos poemas “Satélite” e “Os sapos”, respectivamente, ambos escritos pelo poeta Manuel Bandeira e pertencentes ao Modernismo Brasileiro.
Texto 1:
[...]
Ah, Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!
Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite.
[...]
Texto 2:
[...]
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
[...]
A respeito dos trechos, é possível afirmar:
Bandeira é conhecido como poeta difícil, hermético, atrelado aos cânones clássicos e ao uso da língua portuguesa com refinado preciosismo, como demonstram os trechos lidos.
Com uma poesia visivelmente política, o poeta instiga o povo brasileiro para as ideias marxistas, o que se percebe, nos trechos dados, em “Fatigado de mais-valia” e “Meu cancioneiro/ É bem martelado”.
Os trechos trazem, respectivamente, referências críticas aos movimentos literários “Romantismo” e “Parnasianismo”. Eles demonstram que o autor pretendia se libertar das estéticas anteriores e ajudar a construir novos padrões para a poesia brasileira.
O uso do ponto de exclamação revela o sentimentalismo dos poemas, sempre ligados à função emotiva da linguagem. Bandeira é conhecido pelo seu lirismo piegas.
Os textos fazem parte da produção de Manuel Bandeira dirigida ao público infantil e trazem temas pertencentes ao imaginário das crianças, amparados em uma musicalidade bastante envolvente.