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A VERDADEIRA CEGUEIRA DE SARAMAGO
1.“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. Já na epígrafe de “Ensaio sobre a Cegueira”, Saramago mostra sua real interpretação para a cegueira exposta no livro. Mais do que um retrato de como as pessoas agiriam se não pudessem enxergar, o autor propõe uma análise da sociedade em que vivemos.
4. Saramago joga com a diferença entre as palavras ver e olhar. O olhar aparece como a própria visão, o ato de enxergar. E o ver aparece como a capacidade de observar, de analisar uma situação. E para ele, a maior dificuldade do ser humano é justamente conseguir enxergar além do superficial.
7. A cegueira apresentada por Saramago pode ser entendida como o posicionamento do homem em relação a ele mesmo e ao espaço em que (con)vive. No livro, quando a cegueira se torna uma epidemia, os problemas da nossa sociedade que não queremos enxergar se intensificam de tal forma que chega a um ponto em que o civilizado se torna primitivo. As regras da civilização são quebradas e o instinto de sobrevivência toma conta do homem.
11. Durante o tempo em que ficam sem visão, o desespero dos personagens faz com que alguns deles usem artifícios sujos para conseguir sobreviver. A partir disso, observamos situações como segregação de grupos, abuso de poder pelos mais fortes, disputas por comida, ganância, traição, violência e abuso sexual. E, nas entrelinhas, inúmeras chances de praticar a solidariedade.
15. E quais dessas situações descritas acima não são comuns em nosso cotidiano? Todos esses fatores citados são problemas da sociedade em que vivemos. Freqüentemente lidamos com abuso de poder das autoridades; desigualdade social, em que grande parcela da população vive abaixo da linha de pobreza e nem se quer faz uma refeição por dia; todo o tipo de violência, física, moral ou sexual, inclusive, feitas também pelas próprias autoridades. Sem contar os diversos tipos de preconceito que geram a segregação de muitas pessoas.
20. Enfim, nada do que os personagens de Saramago sofrem no livro é estranho para nós. E o que ele queria nos mostrar é exatamente isso. Na verdade, o autor fala da nossa cegueira cotidiana em relação à crise de nossa própria sociedade. Que ironia, tudo parecer mais visível quando não se pode enxergar. Só damos valor quando o problema nos afeta diretamente.
(KELLER Mariana. A verdadeira cegueira de Saramago, 2003. Disponível em:< http://lounge.obviousmag.org/memorias_do_subsolo/2012/01/a-verdadeira-cegueira-de-saramago.html> Acessado em 15/10/2017, adaptado.)
Em “Durante o tempo em que ficam sem visão, o desespero dos personagens faz com que alguns deles usem artifícios sujos para conseguir sobreviver.” (L. 11-12), os termos destacados encontram-se no sentido denotativo. Ao se trabalhar com o conotativo e de acordo com o contexto do texto, podemos afirmar que:
Todo homem, pela lei da sobrevivência, é capaz de ignorar regras sociais.
Embora faça parte da natureza humana o instinto pela sobrevivência, nenhum homem é capaz de envolver-se com corrupção.
A corrupção é um ato realizado somente pelas pessoas incapazes de olhar as consequências de seus atos.
A cegueira social pode tornar o homem um ser insensível perante as consequências dos atos cometidos em favor de si mesmo.
A cegueira era considerada como um castigo infligido pelos deuses e a pessoa cega levava o estigma do pecado cometido por ele, por seus pais, seus avós ou por algum outro membro da tribo.