Observe a representação da capa do disco abaixo e o trecho da entrevista que se segue e responda a questão sobre o movimento cultural que no Brasil ficou conhecido como Tropicalismo.
Gilberto Gil — “Eu tinha passado um mês no Recife. Em Caruaru, tinha conhecido as cirandas e a Banda de Pífanos. (...) Mas eu também ouvia os Beatles, e nesse momento saía o Sargent Pepper's Lonely Hearts Club Band (...). Esse disco me deu a sensação de compromisso com a ideia de transformação, de que a música ia além do que tinha se decantado em nós a partir do convencional. Também é dessa época o nosso primeiro contato com as vanguardas da música, as artes plásticas de Hélio Oiticica e Antônio Dias, o Cinema Novo de Glauber Rocha, o Teatro Oficina de Zé Celso. Tudo isso fazia latejar na nossa cabeça e no nosso coração o senso da aventura.”
(Entrevista de Ana de Oliveira à Gilberto Gil. In Tropicália. http://tropicalia.com.br/ilumencarnados-seres/entrevistas/gilberto-gil-2 acesso em 10 10 2020.
Pela capa do disco referência para o movimento da Tropicália e pela memória de um de seus autores, Gilberto Gil, tem-se uma ideia do que significou o disco e este movimento nascido em 1968.
Por estes documentos e seus conhecimentos, pode-se entender que a Tropicália foi um movimento cultural brasileiro que significava para seus autores um/uma
mistura da cultura exterior (a música dos Beatles) com aquela cultura e música mais popular vinda de bandas de pífanos como a de Caruaru. Esta junção proporcionou uma atualização desta cultura interna e atrasada, incorporando novas técnicas e instrumentos como a guitarra elétrica que agradava o regime pós 1964.
refazer da cultura brasileira (urbana e interiorana) que, incorporando elementos da cultura exterior pop como os Beatles, resultava em uma mistura representativa de várias facetas culturais em um só país e em seus diversos suportes musicais, teatrais, poéticos, o que foi “latejante”, porque nasceu durante a implementação da censura e do Ato Institucional Nº 5.
recuperação do modo de fazer música tradicional do interior do Brasil, como no exemplo vindo do Recife e nas roupas interioranas da capa do disco, no qual se percebia que músicas pop, como a dos Beatles, eram uma influência estrangeira que fazia “latejar” a cabeça dos jovens e não ajudava a construir uma identidade plenamente nacional e patriótica como se desejava em 1968.
transformação profunda na maneira de pensar o Brasil e sua cultura. Contestação do passado rural e interiorano e construção de uma musicalidade moderna como um veículo central e explícito de protesto social, fazendo uso do modo revolucionário de pensar mundial dos Beatles uma bandeira política para conscientizar os jovens à revolução contra o Al 5 em 1968.