Observe a letra desta antiga música de Adoniran Barbosa:
Samba do Arnesto
O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás
Nós fumos não encontremos ninguém
Nós voltemos com uma baita de uma reiva
Da outra vez nós num vai mais
Nós não semos tatu!
No outro dia encontremo com o Arnesto
Que pediu desculpas mais nós não aceitemos
Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa
Mas você devia ter ponhado um recado na porta
Um recado assim ói: "Ói, turma, num deu pra esperá
Aduvido que isso, num faz mar, num tem importância,
Assinado em cruz porque não sei escrever.
(Samba do Arnesto, Adoniran Barbosa)
Assinale a opção que apresenta uma análise correta da música:
O que o compositor Adoniran Barbosa fez pode ser chamado de licença poética, pois ele transportou para a modalidade escrita a variação linguística presente na modalidade oral.
O autor da música procurou demonstrar, ao escrever a letra desse modo, que o português falado informalmente pelos paulistanos é diferente do português falado no restante do Brasil.
Adoniran incorre em erro grave, pois o código escrito, ou seja, a língua sistematizada e convencionalizada na gramática, não deve sofrer grandes alterações, devendo ser preservado.
Adoniran Barbosa quis mostrar, com a letra dessa música, que há diferentes grupos convivendo na sociedade e nem todos falam do mesmo jeito, sobretudo por uns terem acesso à educação e outros não.
O autor quer chamar a atenção sobre os cuidados com a língua portuguesa, pois, num mesmo país, com um único idioma oficial, a língua não pode sofrer alterações feitas por seus falantes.