O trecho abaixo reproduz passagem de uma carta enviada por Osvaldo Aranha a Getúlio Vargas em 1930.
Nada se pode esperar das leis, que não são praticadas, nem dos homens que são seus violadores. Onde a lei não é cumprida, o governo assenta no arbítrio e na força. ... As soluções pacíficas, preconizadas como melhores e mais simpáticas, tornam-se inúteis, quiméricas. ... Não há duas situações para uma só realidade, como não há duas soluções verdadeiras para uma mesma hipótese. Assim, ou concordamos com a situação de anarquia moral e de miséria material, que domina a República, ou, animados de espírito de sacrifício, de altruísmo cívico, dentro de nossa missão social resolvemos procurar os meios de corrigir essa situação…”
FERREIRA, M. de M., PINTO, S. C. S. A crise dos anos vinte e a Revolução de Trinta. Rio de Janeiro: CPDOC, 2006. 26 p.
Com base no contexto da época e no conteúdo das declarações de Aranha, assinale a alternativa que caracteriza CORRETAMENTE o cenário político existente no Brasil à época.
A Revolução de 1930 representa o ponto culminante de um processo de dissensão e polarização política que atravessou toda a década de 1920, e que tem em episódios como a Revolta do Forte de Copacabana e a Revolta de 1924 exemplos da “missão social” pela qual Aranha e o tenentismo lutaram.
A forte influência do comunismo junto ao Exército e às oligarquias dissidentes impulsionaram a adoção, por parte de lideranças tenentistas como Aranha e Vargas, de soluções de força cujo resultado final foi a Revolução de 1930.
A insatisfação de Osvaldo Aranha com a posição conciliatória de Vargas em relação ao governo de Washington Luís redundou no rompimento de Aranha com o tenentismo e seu posterior apoio à Intentona Comunista de 1935.
Os “meios para corrigir essa situação” citados por Aranha na carta envolveram a intervenção do Exército no processo eleitoral de sucessão de Washington Luís, provocando a alteração do texto constitucional, a adoção de eleições livres e a extensão do sufrágio às mulheres.
A negação das “soluções pacíficas” como meio de superação da crise política de 1930 por parte de Osvaldo Aranha precipitou a reação de Getúlio Vargas e demais lideranças tenentistas para isolá-lo, o que facilitou a conciliação entre Washington Luís e o Exército no processo de sucessão presidencial.