O trecho a seguir foi retirado do jornal A Classe Operária, publicado em 18 de julho de 1925.
“[...] As famílias pequeno-burguesas estão pela hora da morte. [...] São 4 pessoas: marido, mulher e dois filhos. O marido tem um pequeno negócio que lhe rende 350\$ mensais líquidos. A mulher era professora: tirava 250\$. Mas com o primeiro filho teve que abandonar o ensino. [...] Vejamos como os 350\$ se evaporam mensalmente: aluguel 93\$; almoço e jantar da pensão 150\$; 10 quilos de açúcar 14\$; pão 24\$; 4 quilos de café 10\$800; 1 quilo de manteiga 10\$; 7 litros de querosene 9\$; 30 litros de leite 33\$; 120 ovos 20\$; álcool 7\$500; frutas 30\$; condução 15\$; lavadeira 35\$; carregador da marmita 21\$; luz 7\$. Total 479\$300. [...] Déficit mensal 129\$300. [...] Como equilibram as finanças? Fazendo serviços extras[...].
[Aí] está o orçamento de uma família pequenoburguesa ideal – que não bebe, não joga, não fuma, não passeia, não vai ao cinema, não compra a prestações.
E se é assim, imaginai a situação da grande massa trabalhadora que ganha 200\$ e 250\$000!
A massa vive num regime de fome lenta, de depauperamento progressivo. Eis a realidade. [...]De pé – dez milhões de trabalhadores do Brasil! Para dentro dos sindicatos! Organização econômica nos sindicatos e organização política no partido!”.
HALL, Michael; PINHEIRO, Paulo Sérgio. A Classe Operária no Brasil. In: REZENDE, Antônio Paulo. Uma TramaRevolucionária? Do Tenentismo à revolução de 30. São Paulo: Atual,1990. P. 23, 24.
O momento da História Republicana do Brasil em que a situação econômica descrita no excerto acima está inserida é especificamente o período
em que ocorreu o golpe e a implantação do governo militar pós 1964, quando as condições socioeconômicas conduziram a classe média a apoiar o regime ditatorial.
da Nova República, durante o governo do Presidente José Sarney, marcado pela liberdade de mercado e pelos altíssimos índices inflacionários.
da República velha, em que as condições econômicas da população e a mobilização política do operariado urbano foram fatores para o surgimento de movimentos contra o governo da oligarquia cafeeira.
em que ocorreu a ascensão do Presidente Itamar Franco, quando os problemas econômicos e sociais, aliados à política elitista dos industriais, fizeram com que vários setores apoiassem o golpe contra o governo.