O texto que segue é um fragmento de “O cortiço” de Aluísio Azevedo, autor naturalista, que defende a tese determinista em sua obra. Leia-o, atenciosamente, para responder à questão.
Jerônimo bebeu um bom trago de parati, mudou de roupa e deitou-se na cama de Rita. — Vem pra cá... disse, um pouco rouco.
— Espera! espera! O café está quase pronto!
E ela só foi ter com ele, levando-lhe a chávena fumegante da perfumosa bebida que tinha sido a mensageira dos seus amores [...]
Depois, atirou fora a saia e, só de camisa, lançou-se contra o seu amado, num frenesi de desejo doido.
Jerônimo, ao senti-la inteira nos seus braços; ao sentir na sua pele a carne quente daquela brasileira; ao sentir inundar-se o rosto e as espáduas, num eflúvio de baunilha e cumaru, a onda negra e fria da cabeleira da mulata; ao sentir esmagarem-se no seu largo e peludo colo de cavouqueiro os dois globos túmidos e macios, e nas suas coxas as coxas dela; sua alma derreteu-se, fervendo e borbulhando como um metal ao fogo, e saiu-lhe pela boca, pelos olhos, por todos os poros do corpo, escandescente, em brasa, queimando-lhe as próprias carnes e arrancando-lhe gemidos surdos, soluços irreprimíveis, que lhe sacudiam os membros, fibra por fibra, numa agonia extrema, sobrenatural, uma agonia de anjos violentados por diabos, entre a vermelhidão cruenta das labaredas do inferno.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Nobel, 2009. p. 175-176.
Levando-se em consideração o fragmento, contextualizado na obra, observa-se que a tese determinista pode ser comprovada a partir da
narração do contato entre o europeu — Jerônimo — e o brasileiro — Rita Baiana — sugerindo a mestiçagem do povo brasileiro.
mudança comportamental de Jerônimo que se adéqua ao meio em que está inserido, ou seja, ao da narrativa.
narrativa minuciosa e não idealizada de uma relação patologicamente erótica e animalesca.
descrição física de Jerônimo, que reproduz os ideais de herói romântico.
construção zoomórfica das personagens em destaque.