O Segundo Reinado não se compreenderia sem os barões, coronéis, comendadores e conselheiros. A imensa rede de títulos, comendas e patentes doura a sociedade, revelando, debaixo dos embelecos¹, rigoroso mecanismo de coesão de forças. A Guarda Nacional no campo, sobretudo no campo, sem ser estranha às cidades e vilas, incorpora e domestica os proprietários rurais, atribuindo-lhes funções políticas e de mantenedora da ordem. A baronia aproxima-os a eles e às notabilidades urbanas, do trono. As classes mais inclinadas a se perder em centros locais de gravitação arregimentam-se num sistema centralizado de governo e de administração, burocrático e tingido de nobreza. A proximidade da coroa – que cargos atraem – dá a nota de elevação desses grupos de titulares. A Guarda Nacional supõe o fazendeiro; mas não seus cabedais² que contam, senão os bordados da patente. Aristocracia burocrática e não aristocracia rural ou de gente rica, aristocracia burocrática, entretanto, tocada e ferida pelo capitalismo nascente, capitalismo, por sua vez, politicamente orientado.
(Raimundo Faoro, Machado de Assis: a pirâmide e o trapézio, Ed.Nacional)
¹embeleco: engodo, embuste, impostura.
²cabedal: conjunto de bens, patrimônio, riqueza.
...atribuindo-lhes funções políticas e de mantenedora da ordem. A baronia aproxima-os a eles...
Os pronomes oblíquos em negrito acima retomam respectivamente:
proprietários rurais; proprietários rurais; barões.
proprietários rurais; Guarda Nacional; barões.
barões; proprietários rurais; fazendeiro.
fazendeiro; barões; Guarda Nacional.
fazendeiro; Guarda Nacional; aristocracia.