O racionalismo econômico que acompanha passo a passo a industrialização progressiva e a absoluta vitória do capitalismo, o progresso das ciências exatas e históricas e o cientificismo filosófico geral que com ele se relaciona – tudo isto prepara o caminho para a grande batalha contra o romantismo. A preparação e o desencadear dessa batalha são mais uma contribuição da geração de 1830 para o alicerçamento do século XIX. O romance naturalista, a mais original criação desse período, traduz o espírito não-romântico da nova geração. Tanto o racionalismo econômico como o pensar político em termos de luta de classes atribuem ao romance o estudo da realidade social e dos mecanismos sociopsicológicos.
(Arnold Hauser. História social da Literatura e da Arte. Trad. S. Paulo: Mestre Jou, 1972, v. II, p. 883-84)
O triunfo do capitalismo industrial no século XIX, bem como os valores a ele associados pelo texto sofreram um forte abalo no século XX, com os efeitos psicológicos, culturais e materiais da Primeira Guerra Mundial. Entre estas consequências pode-se citar
a crise da “consciência burguesa” racionalista, marcada pela crença no progresso constante e irreversível da vida material e do conhecimento.
a volta do romantismo como estilo de vida, escola artística e visão de mundo vigente na Europa do pós-guerra, marcadas pela valorização da natureza.
o fim das vanguardas artístico-culturais que eram a expressão mais acabada do racionalismo econômico e do cientificismo filosófico.
o colapso da sociedade industrial europeia, trazendo de volta o medo das revoluções camponesas de cunho messiânico e religioso.
o surgimento de teorias relacionadas à evolução da espécie humana, algumas de cunho científico, como a doutrina das mutações.