O que singulariza o pessimismo de Machado de Assis é a sua posição antagônica em relação ao evolucionismo oitocentista, ao culto do progresso e da ciência. Frente às ingenuidades do cientificismo, o sarcasmo de Brás Cubas reabre a interrogação metafísica, a perplexidade radical ante a variedade do ser humano. Um artista como Machado levou mais a sério do que os arautos do evolucionismo cientificista o golpe que Darwin tinha desfechado contra as ilusões antropocêntricas da humanidade.
(MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a Euclides. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 171-172)
A interrogação metafísica fez parte das preocupações de diversos pensadores e artistas durante o Renascimento. Nesse período, observa-se a contestação de ideias como
o antropocentrismo, que concebia o homem como o centro do universo, uma vez que os renascentistas passam a valorizar a ciência e a natureza como os temas e eixos centrais do conhecimento humano.
a beleza clássica, que postulava serem os padrões estéticos do classicismo aqueles a serem seguidos nas artes plásticas, uma vez que os renascentistas passam a defender uma arte livre de regras e modelos.
o universalismo, que afirmava a existência de leis universais que atuavam sobre a existência humana, uma vez que os renascentistas eram avessos a dogmas e a admissão de regras dessa amplitude.
o dogma eclesiástico, que determinava algumas verdades absolutas que não poderiam ser contestadas, uma vez que os renascentistas defendiam o racionalismo como meio de se produzir e aperfeiçoar o conhecimento.
a escolástica, corrente do pensamento católico cultivada nas universidades, uma vez que os renascentistas questionavam a validade da fé, a existência de Deus e defendiam que a ciência era a única fonte de conhecimento real.