UFPE 2015

O que seria o preconceito linguístico? Ele existe? Se sim, qual a sua natureza? Se deve ser combatido, como todos os preconceitos, quais deveriam ser as armas de combate?

Talvez seja bom começar por uma definição de preconceito. A do Dicionário Houaiss é bastante esclarecedora. Segundo essa fonte, preconceito é “qualquer opinião ou sentimento, quer favorável quer desfavorável, concebido sem exame crítico”, o que em seguida é mais bem especificado: “ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão”.

Na segunda acepção, o preconceito é definido como “atitude, sentimento ou parecer insensato, especialmente de natureza hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância”. Os preconceitos que se tornaram mais conhecidos e cujo combate é mais aceito são o racial e o de gênero.

A expressão “preconceito linguístico” é mais ou menos corrente entre leitores de sociolinguística, disciplina que estuda o fenômeno da variação linguística, os fatores que a condicionam e as atitudes da sociedade em relação às variedades.

Voltemos ao Houaiss, que assim define preconceito linguístico: “qualquer crença sem fundamento científico acerca das línguas e de seus usuários, como, p. ex., a crença de que existem línguas desenvolvidas e línguas primitivas, ou de que só a língua das classes cultas possui gramática, ou de que os povos indígenas da África e da América não possuem línguas, apenas dialetos”.

No fundo, o preconceito linguístico é um preconceito social. É uma discriminação sem fundamento que atinge falantes inferiorizados por alguma razão e por algum fato histórico. Nós o compreenderíamos melhor se nos déssemos conta de que ‘falar bem’ é uma regra da mesma natureza das regras de etiqueta, das regras de comportamento social. Os que dizemos que falam errado são apenas cidadãos que seguem outras regras e que não têm poder para ditar quais são as elegantes.

Isso não significa dizer que a norma culta não é relevante ou que não precisa ser ensinada. Significa apenas que as normas não cultas não são o que sempre se disse delas. E elas mereceriam não ser objeto de preconceito.

A leitura de um ou dois capítulos de qualquer manual de linguística poderia fazer com que todos se convencessem de que estivemos equivocados durante séculos em relação a conceitos como ‘falar errado’. Para combater esse preconceito, basta um pouco de informação.

(Fonte: Sírio Possenti. Preconceito linguístico. Disponível em http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/preconceito-linguistico, acesso em 10/08/2014, adaptado).

No que diz respeito ao significado da expressão “preconceito linguístico”, no TEXTO 2, podemos afirmar que o autor escolhe a definição:

a

do Dicionário Houauiss.

b

da Sociolinguística.

c

das regras gramaticais.

d

da mídia.

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Resposta
A

Resolução

Nesta questão, o autor apresenta o conceito de preconceito linguístico, evidenciando que ele é fruto de crenças sem fundamento científico acerca das línguas e de seus usuários, tal como descrito pelo Dicionário Houaiss no texto citado. Dentre as opções apresentadas, a definição corresponde claramente à do dicionário, ou seja, a opção (A). É possível notar que o autor retoma a definição do Dicionário Houaiss para exemplificar o que produz a discriminação linguística. Com isso, vemos que a resposta correta é a letra (A).

Dicas

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A definição utilizada pelo autor é retirada de alguma fonte citada ou referenciada.
Observe onde o autor transcreve e interpreta o conceito de preconceito linguístico.

Erros Comuns

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Achar que o preconceito linguístico vem apenas de regras gramaticais e não de uma convenção social.
Confundir a definição dada pelo Dicionário Houaiss com a da sociolinguística, que também aparece, mas não define diretamente o preconceito linguístico.
Revisão
O preconceito linguístico é um tipo de discriminação social feito com base na forma de falar de determinados grupos. Ele se sustenta na ideia de que certas variedades linguísticas seriam “erradas” ou “inferiores”. A sociolinguística demonstra que todas as línguas ou variedades possuem regras, usos e igual valor comunicativo, e que o chamado “erro” é apenas variação de norma. O texto mostra que, assim como preconceitos de outra natureza, o preconceito linguístico prejudica falantes que não se encaixam na norma considerada culta.
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