O que se deve chamar de feudalismo é o conjunto da formação social dominante no Ocidente da Idade Média Central, com suas facetas política, econômica, ideológica, institucional, social, cultural, religiosa. Em suma, uma totalidade histórica, da qual o feudo foi apenas um elemento. No entanto, como examinamos cada uma daquelas facetas nos capítulos correspondentes, vamos aqui nos prender apenas à análise das relações sociais do feudalismo. Ou melhor, do feudo-clericalismo.
(Hilário Franco Júnior, A Idade Média, nascimento do Ocidente. Texto adaptado)
Para Franco Júnior, o uso do termo feudo-clericalismo é conveniente porque
materializa a essência do Mundo Medieval, marcado pela universalidade da ordem feudal, assim como das relações de vassalagem e suserania, que atingiam todos os estamentos dessa sociedade, além do papel eminentemente religioso exercido pelos representantes do clero.
representa efetivamente como tal sociedade esteve organizada, na qual o domínio senhorial era regra em toda a Europa e a economia baseava-se no escambo e, ao mesmo tempo, competia ao alto clero elaborar e disseminar justificativas morais, religiosas e econômicas para a existência do feudo.
explicita o papel central da Igreja na sociedade feudal, tendo sido ela a maior detentora de terras, além de controladora das manifestações mais íntimas da vida dos indivíduos, sendo, portanto, produtora da ideologia que traçava a imagem que a sociedade deveria ter de si mesma.
reconhece a capacidade organizativa da Igreja, que conseguiu se expandir e tornar-se hegemônica por toda a Europa e o Oriente Próximo, ao mesmo tempo em que ofereceu instrumentos ideológicos para que o trabalho fosse pensado como o único caminho para se obter a salvação divina.
concretiza a principal característica da Idade Média, que foi a existência e preponderância do trabalho servil, mas ainda com a persistência do livre e escravo, e a função político-administrativa exercida, nos feudos e nas cidades, por membros da Igreja, inclusive do baixo clero.