O QUE FAZ VOCÊ FELIZ?
Sentado na frente da televisão, a propaganda do hipermercado me interpela: “O que faz você feliz?”. Ouço o poema de Arnaldo Antunes, declamado em sua voz grave, enquanto acompanho com olhar surpreso o brilho da felicidade publicitária, invadindo a sala, meu coração e minha mente. O desejo de possuir aquela felicidade instala-se e eu sou capaz de responder que tudo aquilo que ali se diz me faz feliz. [...]
É assim que a vida se apresenta no mundo em que as coisas de hoje já se tornaram obsoletas amanhã, assim como a felicidade de ter agora o último modelo de celular, o tênis da hora ou a roupa da moda transforma-se em insatisfação garantida no instante em que ter deixou de ser desejo para se materializar na coisa desejada. [...] É o círculo vicioso por onde escorre a vida em suaves prestações. [...] Somos consumidos pelo consumo e, vez ou outra, lá no fundo, uma voz nos interpela: é isso que me faz feliz? É para isso que vivo?
Ricardo Fiegenbaum. O que faz você feliz? Revista Mundo Jovem, ano 47, nº 401, out.2009.
Segundo o texto, pode-se deduzir que:
Na concepção do autor, no círculo vicioso em que somos consumidos pelo consumo, uma voz nos diz: é isso que me faz feliz.
O autor defende a ideia de consumir, pois lembra que as coisas mais simples dão valor à vida e trazem felicidade.
O poder de ter o último modelo de celular, de tênis ou roupa da moda transforma-se em satisfação, pois o desejo se materializou.
A propaganda citada no texto está ligada ao ideal de consumo e para isso associa a imagem de ser feliz às coisas simples da vida.
A vida é mais leve quando se compra e paga-se em suaves prestações.