ENEM 2021 segunda aplicação
O processo formativo do Estado desenrolou-se segundo a dinâmica de dois movimentos contraditórios e simultâneos: fragmentação e centralização. De um lado, fragmentação na medida em que os príncipes europeus tiveram de lutar contra o poder universalista do papa; e centralizador na medida em que os príncipes tiveram que lutar contra o poder político e militar de outros chefes políticos rivais. Desse processo resultaram as características fundamentais do Estado moderno: exército e burocracia civil permanentes, padronização tributária, direito codificado e mercado unificado.
GONÇALVES, W. Relações internacionais. Rio de Janeiro: Zahar, 2008 (adaptado).
À institucionalização política mencionada teve como uma de suas causas o êxito de alguns príncipes em
monopolizar o uso legítimo da força.
reforçar a hegemonia social do clero.
restringir a influência cultural da nobreza.
respeitar a diversidade das vivências locais.
conter a autoridade das lideranças carismáticas.
Resolução
Análise Detalhada da Questão:
O texto descreve o processo de formação do Estado moderno na Europa como resultado de dois movimentos simultâneos e contraditórios:
- Fragmentação: Luta dos príncipes contra o poder universalista do Papa. Isso significava buscar autonomia em relação a uma autoridade religiosa supranacional que interferia em assuntos políticos.
- Centralização: Luta dos príncipes contra outros chefes políticos e militares rivais (como nobres feudais). Isso visava consolidar o poder dentro de um território específico, eliminando ou subjugando concorrentes internos.
O texto informa que desse processo resultaram características fundamentais do Estado moderno, como exército e burocracia permanentes, padronização tributária, direito codificado e mercado unificado. A questão pede uma das causas dessa institucionalização política, relacionada ao êxito de alguns príncipes.
Raciocínio para a Resposta Correta (A):
A centralização do poder, um dos movimentos descritos, implicava diretamente que os príncipes precisavam superar seus rivais internos, que também detinham poder político e militar. Para consolidar seu domínio, o príncipe precisava ser a única autoridade capaz de exercer a força (militar e policial) de forma legítima dentro de seu território.
A criação de um "exército permanente", mencionada como resultado do processo, é a ferramenta principal para alcançar esse objetivo. Ao desarmar ou controlar os exércitos particulares de nobres rivais e estabelecer uma força armada unificada sob seu comando, o príncipe estava, na prática, monopolizando o uso legítimo da força.
Esse monopólio é considerado por teóricos como Max Weber como a característica definidora do Estado moderno. O êxito dos príncipes em estabelecer esse monopólio foi, portanto, uma causa fundamental para a institucionalização do poder político na forma do Estado moderno.
Conclusão:
A alternativa A descreve precisamente o resultado da luta de centralização contra rivais internos, que levou à formação de exércitos permanentes sob controle do príncipe, sendo um pilar essencial da formação do Estado moderno descrito no texto.
Dicas
Erros Comuns
Revisão de Conceitos:
- Formação do Estado Moderno: Processo histórico, principalmente na Europa a partir da Baixa Idade Média, caracterizado pela centralização do poder político em um território definido, superando a fragmentação feudal e a influência supranacional da Igreja.
- Centralização Política: Concentração do poder e da autoridade (legislativa, executiva, judicial, militar) nas mãos de uma única entidade governante (como um rei ou príncipe) em detrimento de poderes locais ou rivais.
- Monopólio do Uso Legítimo da Força: Conceito sociológico (associado a Max Weber) que define o Estado como a única entidade que detém o direito reconhecido (legítimo) de usar ou autorizar o uso da coerção física (polícia, exército) dentro de um território.
- Poder Universalista do Papa: Refere-se à autoridade que a Igreja Católica, liderada pelo Papa, exercia ou reivindicava sobre toda a cristandade ocidental durante a Idade Média, incluindo influência em assuntos políticos e temporais.
Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.
