O povo não tem sempre o costume assinalado de pôr uma pessoa qualquer à sua frente, fomentando o desenvolvimento da sua grandeza? [...]
É, portanto, evidente que, quando a tirania se origina, é da semente deste protetor, e não de outra, que ela germina.
[...]
Porventura não é também assim que aquele que está à frente do povo e que, apanhando a multidão a obedecer-lhe, não se abstém do sangue dos da sua tribo [...]? Acaso para um homem assim não é forçoso, depois disto, e fatal, que pereça às mãos dos seus inimigos ou que se torne um tirano, transformando-se de homem em lobo?
(Platão. A República, 1987.)
Platão (428 a.C.- 348 a.C.), em A República, identifica os vários tipos de governos e governantes da Grécia Antiga.
No texto, caracteriza-se a tirania como
uma tendência absolutista comum em Esparta, que valorizava o respeito total aos governantes.
uma etapa posterior à democracia, com a ascensão de legisladores dotados de pleno poder.
um fenômeno que resultava da relação ambígua entre governantes autoritários e a população.
uma forma de governo típica das pequenas cidades gregas, marcada pela irracionalidade dos governantes.
uma estratégia de controle oligárquico, que favorecia os interesses das classes nobres da cidade.