O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002) é autor do poema abaixo, intitulado “No meio do caminho”, que pode ser associado
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
ao Modernismo brasileiro, período no qual Drummond começou a publicar a sua vasta obra, como se pode ver pela presença do verso livre e da relação intertextual e paródica com obras consagradas da tradição.
ao Romantismo, pela idealização da mulher amada e pelo tom confessional do sujeito poético, que lamenta a impossibilidade de realização amorosa, simbolizada pela palavra “pedra”.
ao Parnasianismo, pela valorização dos elementos consagrados da elaboração poética, como a rima externa, a métrica regular e a referência à mitologia grega.
ao Arcadismo, pelo modo como a musicalidade é central no poema, que remete a imagens rurais como pedra e caminho.
ao Barroco, pela tensão entre as dimensões espirituais e carnais da vida humana e pela abordagem do tema da fugacidade da existência, presente na metáfora da pedra.