O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza é às vezes um imenso escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita? Tal era a pergunta que eu vinha fazendo a mim mesmo ao voltar para casa, de noite, sem atinar com a solução do enigma. O melhor que há, quando se não resolve um enigma, é sacudi-lo pela janela fora; foi o que eu fiz; lancei mão de uma toalha e enxotei essa outra borboleta preta, que me adejava no cérebro.
O trecho acima integra o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Dele, e compreendendo a obra como um todo, pode-se afirmar que alude à personagem
Virgília, com quem o narrador teve um caso amoroso e com quem acabou se unindo em matrimônio.
Marcela, que foi o primeiro grande amor da vida de Brás Cubas, mas que terminou na miséria e morreu abandonada no hospital da Ordem.
Eulália, também chamada de Nhã-loló, que nutriu grande amor por Brás Cubas, mas morreu aos dezenove anos e mereceu um epitáfio por parte do autor.
Eugênia, que também foi chamada de “A flor da moita”, por ter sido fruto de um relacionamento clandestino entre dona Eusébia e o Vilaça.