"O pensamento mais vivo é sempre inferior à sensação mais embaçada."
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. Tradução de Anoar Alex. In: BERKELY, G.; HUME, D. Berkeley, Hume. São Paulo: Nova Cultural, 1989. p. 55-145. p. 69. Coleção Os Pensadores.
A frase de Hume sintetiza uma tese da sua teoria do conhecimento. A posição sustentada pelo filósofo
somente reafirma o realismo de John Locke, que considera unicamente a experiência como fundamento da autonomia do entendimento.
adere ao cartesianismo, para dizer que as representações da razão sempre são anteriores à experiência sensível e critério de verdade desta.
afirma a precedência da impressão sensível para a produção de ideias, com as quais o entendimento humano alcança a sua autonomia.
defende a noção de causalidade como o fundamento absoluto para o conhecimento humano nos limites da reta razão.
Nesta questão, temos uma síntese de um dos princípios da teoria do conhecimento de David Hume, segundo o qual as ideias derivam de nossas impressões sensíveis. O enunciado “O pensamento mais vivo é sempre inferior à sensação mais embaçada” reflete a tese de que toda ideia (mesmo aquela que aparenta ser muito vívida) é menos intensa que uma impressão sensível, ou seja, a fonte primária do nosso conhecimento vem de nossa percepção imediata dos fatos, não de qualquer ideia ou representação prévia. Este princípio aponta para a precedência da sensação na formação do conhecimento, característica fundamental do empirismo de Hume.
Dessa forma, a única alternativa que condiz diretamente com tal perspectiva é a que afirma a precedência das impressões sensíveis em relação às ideias e, a partir delas, o entendimento recebe subsídios para se desenvolver autonomamente. Portanto, a alternativa correta é a C.
Empirismo: Doutrina filosófica que enfatiza a experiência sensorial como principal fonte do conhecimento. Tanto John Locke quanto David Hume são pensadores empiristas, mas cada um tem sua ênfase própria.
Impressões e Ideias (Hume): Para Hume, impressões são as percepções diretas, vivas e fortes do mundo sensível; ideias, por outro lado, são cópias mais fracas dessas impressões, formadas e manipuladas pelo entendimento.
Relação causa-efeito: Embora Hume discuta essa relação como fruto do hábito ou costume, é importante notar que, para ele, as ideias de causalidade se originam da repetição de experiências sensíveis, não de uma lei racional a priori.