O papa Francisco mostrou abertura para debater e rever a regra do celibato na Igreja Católica, dizendo que não é um "dogma de fé" e prometeu "tolerância zero" contra os abusos sexuais a crianças.
O chefe do Vaticano lembrou ainda que há sacerdotes casados nos ritos orientais e que "a porta está sempre aberta" para tratar o tema mas que, no entanto, esta não é uma questão com "prioridade imediata".
"O celibato não é um dogma de fé, é uma regra de vida, que aprecio muito e creio que é uma oferta à Igreja", disse o chefe do Vaticano durante o voo de regresso a Roma desde Israel, segundo a agência noticiosa italiana Ansa.
A afirmação do Papa Bergoglio foi feita dias depois de se conhecer uma carta a solicitar uma revisão da disciplina do celibato, escrita por um grupo de 26 mulheres, que vivem ou viveram uma relação com um sacerdote. Até hoje, a Santa Sé não tinha feito qualquer comentário sobre esta carta.
Na Igreja Católica de rito latino, o celibato eclesiástico, isto é, a renúncia ao matrimônio, e a promessa de castidade, são uma obrigação para os sacerdotes desde o II Concílio de Letrán, em 1139. Ao contrário, nas igrejas católicas de rito oriental esta obrigação não se verifica. [...]
Disponível em: <http://economico.sapo.pt/noticias/papamostra-abertura-para-rever-celibato_194279.html>.
A questão do celibato eclesiástico, ainda bastante polêmica no seio da Igreja Católica Romana, não abrange a Igreja de rito oriental. Esta divergência entre os ritos da Igreja de Roma e a Igreja oriental tem origem:
já no século I da era cristã, quando os governantes do Império Romano proibiam o culto a Jesus Cristo.
no século V, quando o Império Romano é invadido por povos asiáticos que aos poucos vão adotando o cristianismo e adaptando-o a seus ritos.
na disputa política entre a Igreja Católica e os príncipes alemães que pretendiam fundar sua própria religião.
no século XI com o Cisma do Oriente que deu origem à Igreja Católica Apostólica Romana, sob orientação do papa, e à Igreja Ortodoxa, sob a liderança do patriarca de Constantinopla.
na Idade Média, quando o poder da Igreja passa a superar o poder temporal.