FUVEST 2021
O olho humano constitui uma complexa estrutura capaz de controlar a luz recebida e produzir imagens nítidas. Em pessoas com visão normal, o olho é capaz de acomodar o cristalino para focalizar sobre a retina a luz que vem dos objetos, desde que não estejam muito próximos. Pessoas míopes, por outro lado, apresentam dificuldades em enxergar de longe. Ao focalizar objetos situados além do chamado ponto remoto (PR), a imagem forma-se à frente da retina, conforme ilustrado na figura.
Neste caso, lentes corretivas são necessárias a fim de que o indivíduo observe o objeto de forma nítida.
Qual arranjo esquemático melhor descreve a correção realizada por uma lente receitada por um oftalmologista no caso de um indivíduo míope?
Resolução
A questão aborda a correção da miopia, um defeito de visão onde objetos distantes são vistos de forma embaçada porque a imagem é formada à frente da retina. O texto introdutório explica essa condição e menciona o Ponto Remoto (PR) como o ponto mais distante que um míope consegue enxergar com nitidez.
1. Entendendo a Miopia e sua Correção:
Na miopia, o sistema óptico do olho (córnea + cristalino) é excessivamente convergente, ou o globo ocular é muito longo. Isso faz com que os raios de luz provenientes de objetos distantes sejam focalizados antes de atingirem a retina.
Para corrigir a miopia, é necessário utilizar uma lente que diminua a convergência geral do sistema óptico do olho. Isso é alcançado com uma lente divergente (côncava).
A função da lente corretiva é fazer com que os raios de luz de um objeto distante (localizado além do PR) divirjam antes de atingir o cristalino. Essa divergência "compensa" a convergência excessiva do olho míope. Idealmente, a lente divergente forma uma imagem virtual do objeto distante no Ponto Remoto (PR) do indivíduo. O olho míope é capaz de focalizar objetos localizados até o seu PR, então ele consegue focalizar essa imagem virtual na retina.
2. Análise das Opções:
Precisamos procurar um diagrama que mostre:
- Uma lente divergente (geralmente representada com bordas mais espessas e centro mais fino, ou pela forma como desvia os raios). Nas opções, as lentes divergentes são as que têm formato côncavo.
- Os raios de luz, após passarem pela lente corretiva e pelo cristalino, focalizando-se sobre a retina.
- A lente corretiva fazendo com que os raios de um objeto distante pareçam vir do Ponto Remoto (PR) para o olho.
Vamos analisar cada opção:
- Opção A: Mostra uma lente convergente (convexa). Lentes convergentes são usadas para corrigir hipermetropia, não miopia. Elas aumentariam a convergência, piorando o problema. Incorreta.
- Opção B: Mostra uma lente divergente (côncava). Os raios de luz vindos do objeto passam pela lente divergente, e se tornam mais divergentes (ou menos convergentes). O diagrama indica que esses raios, ao entrarem no olho, são processados pelo cristalino e focalizados na retina. Além disso, a forma como os raios se comportam após a lente corretiva e antes do cristalino (tracejado implícito ou a direção dos raios) sugere que eles parecem originar-se do Ponto Remoto (PR). O olho então focaliza essa imagem virtual (localizada no PR) na retina. Correta.
- Opção C: Mostra uma lente divergente, o que é correto para miopia. No entanto, o diagrama indica que, mesmo com a lente, a imagem final ainda é formada à frente da retina. Isso significaria uma correção insuficiente. Incorreta.
- Opção D: Mostra uma lente divergente. Contudo, o diagrama indica que a imagem final é formada atrás da retina. Isso representaria uma hipercorreção da miopia (transformando o míope em hipermétrope) ou a correção de hipermetropia se a lente fosse convergente. Incorreta.
- Opção E: Mostra uma lente convergente, similar à opção A. Incorreta.
Conclusão:
A opção B é a única que representa corretamente a correção da miopia. Utiliza-se uma lente divergente que faz com que os raios de luz de um objeto distante pareçam vir do Ponto Remoto (PR) do míope. O cristalino, então, consegue focalizar essa imagem virtual na retina, proporcionando visão nítida.
O esquema da opção B ilustra que:
- O objeto está além do PR.
- A lente corretiva é divergente.
- Após passar pela lente divergente, os raios de luz divergem de tal forma que, para o olho, eles parecem originar-se do PR (formação de uma imagem virtual no PR).
- O cristalino do olho míope, que consegue focalizar objetos até o PR, focaliza esses raios (provenientes da imagem virtual no PR) sobre a retina.
Portanto, o arranjo esquemático que melhor descreve a correção da miopia é o da opção B.
Dicas
Erros Comuns
Olho Humano e Visão: O olho humano funciona como um sistema óptico. A luz entra pela córnea, passa pelo cristalino (uma lente biconvexa ajustável) e é focalizada na retina, onde as células fotorreceptoras convertem a luz em sinais elétricos enviados ao cérebro.
Miopia (Dificuldade de enxergar de longe):
- Causa: Geralmente ocorre porque o globo ocular é muito longo ou o cristalino/córnea tem uma convergência excessiva.
- Formação da Imagem: A imagem de objetos distantes é formada à frente da retina.
- Ponto Remoto (PR): É a maior distância na qual um míope consegue enxergar um objeto com nitidez. Objetos além do PR são vistos de forma embaçada. Para um olho normal, o PR está no infinito.
Lentes Corretivas:
- Lentes Divergentes (Côncavas): Têm bordas mais espessas que o centro. Elas espalham os raios de luz paralelos. São usadas para corrigir miopia. Sua vergência (grau) é negativa.
- Lentes Convergentes (Convexas): Têm centro mais espesso que as bordas. Elas convergem os raios de luz paralelos para um ponto focal. São usadas para corrigir hipermetropia e presbiopia. Sua vergência é positiva.
Correção da Miopia: Utiliza-se uma lente divergente. O objetivo é que essa lente forme uma imagem virtual de um objeto muito distante (no infinito) exatamente no Ponto Remoto (PR) do olho míope. Assim, o olho míope consegue enxergar essa imagem virtual nitidamente, pois ela está dentro do seu alcance de visão clara.
