O mesmo protozoário que causa a doença de Chagas pode ser também um agente decisivo no combate a doenças cardíacas [...]
Estudos realizados ao longo de quase dez anos pelo InCor (Instituto do Coração) comprovaram que, em animais, a enzima transialidase — produzida pelo protozoário — faz com que placas de colesterol fixadas nas artérias se desmanchem, reduzindo, assim, o risco de enfartes. [...] Nesses estudos, descobriu-se que a transialidase “rouba” das células humanas ácido siálico. Esse ácido ajuda as bactérias a se unir ao colesterol e a se prender nas paredes arteriais, formando blocos de gordura. A ação da enzima no combate ao acúmulo de colesterol já foi testada e confirmada em coelhos.
(HIGUCHI, 2011, p. B 8).
A análise da doença de Chagas em seus aspectos ecológicos permite afirmar:
A suscetibilidade do barbeiro a inseticidas define a pulverização das residências em regiões endêmicas como estratégia segura para o extermínio das populações do patógeno.
Populações de Triatoma infestans servem de reservatórios naturais do protozoário adquirido a partir do sangue de animais silvestres.
Trypanosoma cruzi é um flagelado que tem no organismo humano o ambiente adequado à sua multiplicação assexuada e dispersão, mantendo o seu ciclo vital.
A resposta humana à infecção pelo protozoário reflete uma longa história coevolutiva com o desenvolvimento de adaptações que expressam uma interação harmônica entre essas espécies.
O amplo nicho ecológico do flagelado, incluindo uma fase imatura aquática e fase adulta emersa, é decisivo no seu sucesso como espécie vetora.