O livro A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1945, é considerado uma das obras mais notáveis de sua produção poética. Nessa obra, Drummond atinge seu mais alto nível literário, inclusive sem descuidar do momento histórico em que está inserido. Os textos abaixo são fragmentos dos poemas "O medo" e "Nosso tempo", respectivamente:
Em verdade temos medo
Nascemos escuro.
As existências são poucas:
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.
E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
Vadeamos.
("O medo", p. 35)
O poeta
Declina de toda responsabilidade
Na marcha do mundo capitalista
e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas
promete ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira, uma floresta,
um verme.
("Nosso tempo", p. 45)
Da leitura dos versos acima, afirma-se que essa obra poética
funciona como instrumento de militância sociopolítica, que alerta os homens sobre os riscos do Socialismo.
reflete sobre os problemas do mundo, manifestando-os numa espécie de ação pelo testemunho.
assume uma função política, orientando os homens a evitar os perigos da vida em sociedade.
serve como testemunho do pavor gerado no mundo capitalista, que descuida da natureza.