O indianismo romântico teve como principal romancista o cearense José de Alencar, autor de obras representativas desse movimento no Brasil.
Com base na leitura do trecho de O Guarani, transcrito abaixo, assinale a opção incorreta.
“Em pé, no meio do espaço que formava a grande abóbada de árvores, encostado a um velho tronco decepado pelo raio, via-se um índio na flor da idade.
“Uma simples túnica de algodão, a que os indígenas chamavam aimará, apertada à cintura por uma faixa de penas escarlates, caía-lhe dos ombros até o meio da perna, e desenhava o talhe delgado e esbelto como um junco selvagem.”
ALENCAR, José de. O guarani. 20 ed. São Paulo: Ática, 1996, p. 19.
Peri, descrito como belo, forte e corajoso, abandona a sua tribo, da qual seria chefe, e sua família, para devotar-se à família de Dom Antônio Mariz, especialmente à filha do fidalgo, Cecília, que venera e a quem também protege em diversas situações de perigo.
Peri é descrito de modo crítico e realista, pois, ao contrário de outros autores indianistas, Alencar pautou a construção de suas personagens em rigorosas pesquisas dos costumes de tribos indígenas brasileiras, sem descrições fantasiosas.
Os atributos do índio Peri têm relação com a descrição ufanista de elementos da fauna e da flora brasileiras, o que ficou conhecido como “cor local” e visava exaltar as belezas nacionais, o que era muito comum a essa fase do Romantismo e se relacionava à noção de Bom Selvagem, de Jean-Jacques Rousseau.
Peri é apresentado como dotado de grandes qualidades, físicas e morais; no entanto, ao longo do romance, ele é visto também como intelectualmente inferior a algumas personagens europeias, em especial, a Dom Antônio Mariz e sua família.
Ao descrever Peri, o narrador em terceira pessoa destaca seus atributos positivos e comenta diversas passagens do texto, conduzindo a compreensão do leitor, o que está em consonância com o momento de publicação do livro, em que também se formava o público do romance no Brasil.