– O homem – notou Lentz a sorrir com ar de triunfo – há de sempre destruir a vida para criar a vida. E depois, que alma tem esta árvore? E que tivesse... Nós a eliminaríamos para nos expandirmos.
E Milkau disse com a calma da resignação:
– Compreendo bem que é ainda a nossa contingência essa necessidade de ferir a Terra, de arrancar do seu seio pela força e pela violência a nossa alimentação; mas virá o dia em que o homem, adaptando-se ao meio cósmico por uma extraordinária longevidade da espécie, receberá a força orgânica da sua própria e pacífica harmonia com o ambiente, como sucede com os vegetais; e então dispensará para subsistir o sacrifício dos animais e das plantas. Por ora nos conformaremos com este momento de transição... Sinto dolorosamente que, atacando a Terra, ofendo a fonte da nossa própria vida, e firo menos o que há de material nela do que o seu prestígio religioso e imortal na alma humana...
(Graça Aranha, Canaã)
No trecho acima, duas personagens alemãs expõem suas posições filosóficas antagônicas a respeito do mundo e do homem. No fragmento discutem a necessidade ou não do corte das árvores. Assinale a afirmação NÃO condizente:
Enquanto Lentz tem espírito agressivo, destruidor, Milkau é humanista, sensível.
Lentz defende a “lei do mais forte”, justificando que para haver vida é preciso haver morte.
Milkau se mostra reticente sobre uma futura integração entre homem e natureza.
Há uma visão antecipatória de que agredir o Planeta significa agredir o próprio homem.
Enquanto Lentz se mostra mais soberbo, Milkau tem uma postura mais humilde.