O historiador Fernand Braudel é o pai da expressão economia-mundo. O conceito de Braudel não deve ser confundido com a noção de “economia do mundo inteiro”. A economia-mundo é, nas suas palavras, um “fragmento do universo” que se estrutura como uma unidade econômica. Desde a Antiguidade, existiram economias-mundo: a Fenícia antiga, o Império Romano e a China, por exemplo, configuram espaços econômicos autônomos e integrados pelo comércio e pela divisão do trabalho.
Globalização é o processo pelo qual a economia-mundo identifica-se com a economia mundial. Ou, dito de outro modo, é o processo pelo qual o espaço mundial adquire unidade.
MAGNOLLI, Demétrio. Globalização; Estado nacional e espaço mundial. São Paulo: Moderna, 2. ed., p. 10-11. Adaptado
A interligação econômica entre diversos continentes e a formação de trocas mercantis internacionais podem ser identificadas
no renascimento comercial e urbano decorrente das Cruzadas, quando o poderio econômico das cidades italianas estabeleceu, de uma forma pioneira no ocidente, trocas comercias que extrapolavam o continente europeu.
na expansão marítima e comercial que criou uma circuito mercantil, envolvendo o Oriente – fornecedor de especiarias –, a América – produtora de matéria-prima e metais preciosos –, a África, com o comércio de escravos, e a Europa.
na corrida imperialista do século XIX que provocou o processo de colonização da África e sua divisão através da Conferência de Berlim e o abandono dos interesses sobre a América Latina, contribuindo para sua independência política.
na eclosão da Primeira Guerra Mundial, que levou as trocas comerciais entre as metrópoles europeias e suas colônias afro-asiáticas e a consequente obtenção da autonomia política como compensação aos colonos pela participação na guerra.
na coincidência entre uma economia-mundo e a economia do mundo inteiro após a Segunda Guerra Mundial quando os Estados Unidos passaram a dominar o mercado do oeste e leste europeu.