O gigante da América Latina
TEXTO I
Bob Dylan abre exposição com quadros de temática brasileira na Dinamarca Artista abre exposição com 40 quadros de temática brasileira em museu da Dinamarca Ivan Finotti De São Paulo
"Existe uma parte na América do Sul onde não se fala espanhol, fala-se português. É um país adorável, com 184 milhões de habitantes vivendo lá. É o gigante da América Latina. Esse país ocupa quase metade do continente. Acredito que seja maior do que os Estados Unidos. Seu lema é 'ordem e progresso'. É onde você encontra São Paulo e Rio de Janeiro, dois dos lugares com as melhores festas que conheço. Estou falando do Brasil."
Eis Bob Dylan demonstrando seus conhecimentos geográficos há 14 meses, em seu programa "Theme Time Radio Hour", que vai ao ar semanalmente pela rádio nova-iorquina Sirius XM (www.xmradio.com).
Na ocasião, em que Dylan arrematou colocando para tocar "Aquarela do Brasil" com Elis Regina, os brasileiros não tinham como saber, mas a familiaridade do cantor com o país era bem alta.
Ele estava no meio da "The Brazil Series", sequência de telas pintadas com tinta acrílica que têm o país como tema. Dos cerca de 50 quadros, Dylan selecionou 40 para uma exposição, que começa no próximo sábado e vai até o dia 30 de janeiro, na National Gallery da Dinamarca, na capital Copenhague (www.smk.dk).
"Escolhi o Brasil como tema porque estive lá muitas vezes e gosto da atmosfera", afirmou Dylan, em nota do museu. Mais não disse.
MÉTODO
Mas qual foi seu método de trabalho? Dylan esteve aqui para desenhar ou copiou as cenas de livros e revistas? Nem o curador dinamarquês sabe responder. "Sei que ele esteve no Brasil várias vezes, certamente em turnês e talvez em outras ocasiões. Tenho certeza que ele fez desenhos quando esteve aí. Talvez ele tenha usado fotos de livros ou outras referências, mas não sei em que extensão", disse o curador, Kasper Monrad, à Folha. Segundo ele, as telas foram pintadas nos EUA, no estúdio da casa do artista. É curioso que a própria mostra tenha praticamente caído no colo de Monrad. Em 2007, quando Dylan expôs quadros pela primeira vez – uma coleção de aquarelas chamada "The Drawn Blank Series" –, em um pequeno museu alemão, Monrad pediu o contato do artista.
Ao pedir que a exposição fosse levada à Dinamarca, foi informado que o artista considerava as aquarelas (www.bobdylanart.com) assunto terminado e que ele iria realizar uma nova série, desta vez em acrílico. Folha de S.Paulo, 27/08/2010. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/789362-bob-dylan-abreexposicao-com-quadros-de-tematica-brasileira-nadinamarca.shtml
Texto 2
Bob Dylan expõe pinturas sobre o Brasil, na Dinamarca Cenas da vida cotidiana, pintadas em cores fortes, pelo autor de canções dos 1960 que definiram uma era John Acher – Reuters
Quarenta pinturas do cantor e compositor norteamericano Bob Dylan serão expostas a partir deste fim de semana na Dinamarca, mas os visitantes não encontrarão qualquer referência a "Blowin' in the Wind" ou outras canções famosas nas pinturas.
A exposição na Galeria Nacional de Copenhague, que vai de 4 de setembro a 20 de fevereiro do ano que vem, mostrará cenas da vida cotidiana no Brasil, pintadas em cores fortes pelo homem cujas músicas da década de 1960 definiram uma era e que ainda continua ativo.
A série "The Brazil Series" representa um novo capítulo nas atividades artísticas do músico de 69 anos, que já faz desenhos e pinturas há décadas e realizou suas últimas exposições na Alemanha, em 2007, e em Londres, no ano seguinte.
"Cruzamentos artísticos nem sempre são bem-sucedidos – Bob Dylan é", disse o diretor do museu, Karsten Ohrt. "Esse é outro lado de Bob Dylan, mas ainda assim é bastante Bob Dylan." Ohrt, que descreveu Dylan como um "artista visual destacável", considerou absurdo o questionamento se o museu também estaria aberto para expor as pinturas se elas tivessem sido feitas por outra pessoa.
Mas o curador Kasper Monrad disse a repórteres em uma visita nesta quinta-feira que não há dúvidas de que a exibição foi montada "porque é Bob Dylan".
"Ele é talvez o maior músico e compositor do século 20 que empreendeu um novo projeto", disse Monrad. "As pinturas não são ilustrações das músicas."
Segundo Monrad, Dylan contou que, se pudesse expressar em música o que pintou, ele teria composto uma canção em vez de pintar.
As obras foram feitas no estúdio de Dylan por um período de 15 meses entre o começo de 2009 e março deste ano, de acordo com a galeria. Elas foram feitas com base em desenhos de Dylan, que já visitou o Brasil várias vezes.
Há cenas rurais e urbanas do Brasil, e algumas são como imagens congeladas de filmes. Outras são mais dramáticas, como a briga entre um pai e um filho numa barbearia.
Dylan, que mantém um estilo de vida recluso, não pretende visitar a exposição, disse Monrad. Mas Ohrt garantiu que Dylan vai aparecer algum dia para visitar a galeria, talvez "sem avisar e numa segundafeira, quando estamos fechados".
Estado de S.Paulo, 02.08. 2010. Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,bob_dylan_expoe_pinturas_sobre_o_brasil_na_dinamarca,604386,0.htm.
A informação que aparece em ambos os textos é:
O Brasil é o gigante da América Latina e motivou a exposição.
O diretor do museu, Karsten Ohrt, avaliou que "Cruzamentos artísticos nem sempre são bemsucedidos”, mas Dylan sempre é bem-sucedido.
As canções compostas por Bob Dylan na década de 1960 definiram uma era.
O artista já esteve várias vezes no Brasil e pintou os quadros no estúdio em sua residência.
Bob Dylan tem um programa semanal transmitido pela rádio Sirius XM.