O excerto a seguir faz referência às tendências literárias que predominaram na segunda metade do século XIX.
"O liame que se estabelecia entre o autor romântico e o mundo estava afetado de uma série de mitos idealizantes: a natureza-mãe, a natureza-refúgio, o amor-fatalidade, a mulherdiva, o herói-prometeu, sem falar na aura que cingia alguns ídolos como a 'Nação', a 'Pátria', a 'Tradição', etc. O romântico não teme as demasias do sentimento nem os riscos da ênfase patriótica; nem falseia de propósito a realidade, como anacronicamente se poderia hoje inferir: é a sua forma mental que está saturada de projeções e identificações violentas, resultando-lhe natural a mitificação dos temas que escolhe. Ora, é esse complexo ideo-afetivo que vai cedendo a um processo de crítica na literatura dita 'realista'. Há um esforço, por parte do escritor antiromântico, de acercar-se impessoalmente dos objetos, das pessoas. E uma sede de objetividade que responde aos métodos científicos cada vez mais exatos nas últimas décadas do século."
(BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994, p. 167. Adaptado.)
Em A mão e a luva, estão presentes os seguintes elementos:
demasias do sentimento, descrição imparcial de objetos e personagens, convenções sociais.
mulher-diva, foco narrativo em 1ª pessoa, descrição idealizada do Rio de Janeiro.
falseamento proposital da realidade, mitificação do amor e da natureza, patriotismo.
sede de objetividade, identificações violentas, foco narrativo em 3ª pessoa.