O encéfalo humano – que reúne dentro da caixa craniana, o cérebro, o cerebelo e o tronco – é, até prova em contrário, o pedaço de matéria organizada mais complexa em todo o universo conhecido. Muitos consideram o encéfalo uma espécie de apogeu da evolução da vida, mas não deixa também de ser um triunfo da história da matéria que compõe o próprio Universo. Quase todos os átomos da Tabela Periódica foram gerados por nucleossíntese atômica no interior de antigas estrelas que depois explodiram como supernovas, liberando essa matéria que, então, pôde reorganizar-se em novas estrelas – agora, com planetas e moléculas de todo tipo. Sobre esse substrato material, a vida surgiu e se desenvolveu, pelo menos na Terra. Não podemos resistir à poética observação do astrônomo e divulgador da ciência Carl Sagan quando explica que somos basicamente a matéria das estrelas... contemplando a si mesma!
O tecido nervoso difere de todos os outros na medida em que, nele, a diferenciação é a regra.
A mente humana é um amálgama das diversas funções cognitivas do encéfalo que, além das sensações e movimentos, envolve atenção, processamento visuoespacial, funções executivas, emoções, sem se esquecer da memória e da linguagem. Homo sapiens adquiriu essas capacidades ao longo da evolução por seleção natural.
Uma preocupação crescente nos últimos anos é saber como o encéfalo humano está lidando com o novo ambiente onipresente das tecnologias digitais de comunicação – que, muito embora tenha revolucionado nossas vidas, cada vez consome mais tempo e envolvimento das pessoas, pelo menos daquelas que têm condições financeiras de acessá-lo (a maioria da humanidade nem sonha com isso). O ambiente de hoje não tem precedentes e, entre os principais responsáveis pelas mudanças comportamentais, são apontadas a internet – especialmente as redes sociais – e os videogames interativos. Embora haja aspectos positivos nesses recursos, suas limitações ficam exacerbadas com o uso prolongado, que também promove o estresse, ou mesmo, a dependência (análoga ao efeito de drogas). O chamado Transtorno de Dependência da Internet pode integrar a próxima edição do Manual dos Transtornos Psiquiátricos (DSM-5).
QUILLFELDT, J. O encéfalo e a era digital. Scientific American Brasil. São Paulo: Duetto, nº 128, ano 11, jan. 2013, p. 22. Adaptado.
Considerando aspectos do desenvolvimento contextualizado no tecido nervoso, é correto afirmar:
A dinâmica do tecido nervoso está associada a um ciclo celular que alterna interfases curtas e mitoses que se prolongam pela pequena disponibilidade de proteínas microtubulares.
Mudanças genômicas envolvendo perda de genes e taxas elevadas de mutações garantem o padrão de diferenciação peculiar do tecido nervoso.
Na embriogênese humana, a nêurula representa o estágio final da organogênese quando o ectoderma induz os demais folhetos à formação do tubo nervoso.
Os bilhões de células nervosas, em um fenômeno normal de integração, apresentam uma ação massiva com todas as células respondendo simultaneamente a um mesmo estímulo.
Na hierarquia da organização biológica, o nível tecidual manifesta funções que transcendem àquelas inerentes a cada uma de suas células individualmente.