UEG 2016/1

O EGOÍSMO GREGÁRIO COMO PRINCÍPIO DO REBANHO PÓS-MODERNO

 

Estamos numa época de promoção do egoísmo, de produção de egos tanto mais cegos ou cegados que não percebem o quanto podem hoje ser recrutados em conjuntos massificados. Em outras palavras, vemos egos, isto é, pessoas que se creem iguais e que, na realidade, passaram a ficar sob o controle do que se deve bem chamar “o rebanho”. Viver em rebanho fingindo ser livre nada mais mostra que uma relação consigo catastroficamente alienada, uma vez que supõe ter erigido como regra de vida uma relação mentirosa consigo mesmo. E, a partir daí, com os outros. Assim, mentimos despudoradamente aos outros, àqueles que vivem fora das democracias liberais, quando lhes dizemos que acabamos – com algumas maquininhas à guisa de presentes ou de armas nas mãos em caso de recusa – de lhes trazer a liberdade individual; na realidade, visamos, antes de tudo, fazer com que entrem no grande rebanho dos consumidores.

  Mas qual é, perguntarão, a necessidade dessa mentira? Por que precisamos fazer crer que somos livres quando vivemos em rebanho? E por que precisamos fazer outros crerem que são livres quando vamos colocá-los em rebanho? A resposta é simples. É preciso que cada um vá livremente na direção das mercadorias que o bom sistema de produção capitalista fabrica para ele. Digo bem “livremente” pois, forçado, resistiria. Ao passo que livre, pode consentir em querer o que lhe dizem que deve querer enquanto cidadão livre. A obrigação permanente de consumir deve, portanto, ser redobrada por um discurso incessante de liberdade, de uma falsa liberdade, é claro, entendida como permissão para fazer “tudo o que se quer”. Esse duplo discurso é exatamente o das democracias liberais, descambem para a direita ou para a esquerda. É pelo egoísmo que se deve agarrar os indivíduos para arrebanhá-los, pois é o meio mais econômico e racional de ampliar sempre mais as bases do consumo de um conjunto de pessoas permanentemente levadas para necessidades reais ou, quase sempre, supostas.

 

DUFOUR, Dany-Robert. O divino mercado: a revolução cultural liberal. Rio de Janeiro: Cia de Freud, 2008. p. 23-24. (Adaptado).

No texto, o uso da primeira pessoa do plural, alternadamente ao uso da terceira do plural, serve para dar suporte a uma oposição entre dois grupos:

a

as pessoas que têm acesso aos bens de consumo em geral, sendo livres para consumi-los ou não, e aquelas que vivem à margem da sociedade, sem acesso aos bens e às mercadorias produzidas pelo sistema capitalista.

b

aqueles que cultivam e exploram ao extremo as potencialidades da liberdade individual, assimilando os discursos e as práticas do capitalismo, e aqueles que, fora das democracias liberais, vivem em estado de mentira e alienação.

c

as pessoas que cultivam atitudes e comportamentos egoístas, cegadas pelos modos de subjetivação e ação individualistas, e aquelas que, motivadas por um ideal humanista, desenvolvem práticas e atitudes caridosas e benevolentes.

d

aqueles que vivem sob a égide das democracias liberais, que se consideram livres apesar de fazerem aquilo que é determinado socialmente, e aqueles que vivem fora das democracias liberais, considerados comumente como não livres.

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D
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