O conhecimento que tanto moçárabes1 como judeus tinham das línguas árabe e latina permitiu-lhes tornarem-se tradutores e transmissores da ciência e do saber e ajudarem a fazer de Toledo uma autêntica ponte cultural entre o Oriente e o Ocidente nesse período.
No século XII, escreveu um sábio inglês, Morley:
“[...] a paixão pelo estudo afastou-me da Inglaterra. Fiquei muito tempo em Paris. Aí, apenas vi selvagens instalados nas suas cátedras escolares [...] a sua ignorância obrigava-os a uma posição de estátua. Por isso, como em Toledo o ensino dos árabes, constituído pelas artes do Quadrivium, é dispensado às multidões, apressei-me a partir para lá a fim de escutar as lições dos mais sábios filósofos do mundo. Chamado por alguns amigos e convidado a regressar da Espanha, vim para a Inglaterra com uma preciosa quantidade de livros.”
1 moçárabes: cristãos que viviam em terras sob domínio muçulmano
(Apud Maria Guadalupe Pedrero-Sánchez. A Península Ibérica entre o Oriente e o Ocidente, 2002. Adaptado.)
De acordo com o excerto,
a cultura clerical na Europa cristã estimulava os estudos científicos, a despeito das restrições impostas pela Inquisição ibérica.
o trabalho de judeus, cristãos e muçulmanos na Península Ibérica permitiu a preservação de conhecimentos, apesar das diferenças religiosas.
as perseguições religiosas na Inglaterra levaram ao atraso cultural, em contraste com a liberdade intelectual na Europa cristã e no território moçárabe.
as universidades europeias foram centros de produção de saber científico, cuja influência chegou à Espanha muçulmana.
o modelo de ensino superior da Universidade de Paris transcendeu os limites da cristandade, em função do intercâmbio com o Oriente.