O capitalismo nasceu sob a égide da aceleração. Quanto menos tempo despendido, mais produtos a serem transformados em mercadoria. “Tempo é dinheiro” significa o mais das vezes: menos tempo traz mais dinheiro. A identidade supõe aqui inversão de grandezas. Na competição comercial dá-se o mesmo. Quem chega antes, quem se adiante na roda do calendário e do relógio, terá maiores oportunidades de vender. Quem já chegou, já ganhou espaço e poder. Concorre quem mais corre.
(BOSI, Alfredo. Entre a literatura e a história. São Paulo: Ed. 34, 2013. p. 355)
A quebra da bolsa de Nova York (1929) culminou em uma notável crise do capitalismo. Essa crise acarretou a revisão de alguns princípios, dentre os quais se destacou
o liberalismo econômico, que tornara possível a produção de bens de consumo muito acima das necessidades do mercado, sem mecanismos de regulação.
o protecionismo estatal, que permitira a expansão descontrolada do crédito bancário, resultando em dívidas pendentes, assumidas pelo Estado.
a democracia liberal, que possibilitara a melhoria da qualidade de vida da população de menor renda e seu acesso ao consumo, não atendido pelo mercado, o que provocou revolta e quebra-quebras.
o keynesianismo, que estimulara a concentração do consumo nas classes médias e altas, dificultando a ampliação do mercado interno e engessando o crescimento.
a privatização vigente dos serviços públicos e da seguridade social, que desonerava os Estados, mas punha em risco a qualidade de vida e as condições de trabalho dos cidadãos.