O capitalismo nasceu sob a égide da aceleração. Quanto menos tempo despendido, mais produtos a serem transformados em mercadoria. “Tempo é dinheiro” significa o mais das vezes: menos tempo traz mais dinheiro. A identidade supõe aqui inversão de grandezas. Na competição comercial dá-se o mesmo. Quem chega antes, quem se adiante na roda do calendário e do relógio, terá maiores oportunidades de vender. Quem já chegou, já ganhou espaço e poder. Concorre quem mais corre.
(BOSI, Alfredo. Entre a literatura e a história. São Paulo: Ed. 34, 2013. p. 355)
No processo histórico da primeira Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, podemos já constatar a evidência da aceleração mencionada no texto. Tal aceleração tinha relação com
a riqueza do país, que atraía mão de obra estrangeira especializada responsável pela produção rápida e em larga escala e a introdução de relógios nas fábricas, para controlar o tempo.
as invenções de motores e mecanismos, como o tear mecânico e a implementação exclusiva de pequenas indústrias, familiares, que permitiam aos patrões fiscalizar de perto o desempenho dos empregados.
a incorporação de máquinas no processo de produção, a divisão do trabalho e a fundação de fábricas que substituíram, gradativamente, o antigo sistema manufatureiro.
o estabelecimento de metas de exportação, a fim de aumentar a competitividade interna e a superação da produção industrial existente em outros países.
as transformações urbanas decorrentes da I Guerra Mundial, que propiciaram mais rapidez dos transportes e a formação de adensados bairros operários, favorecendo a eficácia do sistema fabril.