O cangaço foi um movimento caracterizado como banditismo social que vigorou entre as últimas décadas do século XIX e a primeira metade do século XX pelo Sertão nordestino brasileiro. A figura do cangaceiro é caracterizada pelo sertanejo sempre em trânsito, com vida seminômade, vivendo em bando e vestindo roupas de couro curtido, armado com rifles, facas e punhais. Esse tipo de sertanejo carregava consigo as tralhas de que necessitava, todas afiveladas em seu tronco. Por isso, o nome “cangaço”, atribuído a essa forma de levar pertences e mantimentos.
A prática do cangaço está associada a questões políticas, econômicas e sociais que assolaram o Nordeste do Brasil entre as últimas décadas do século XIX e a primeira metade do século XX.
Dentre essas questões relativas ao cangaço, não houve:
evolução da miséria entre os que permaneceram no espaço de origem durante uma onda de secas entre 1877 a 1915.
estabelecimento de relações de dependência direta entre os mais humildes e miseráveis e os grandes proprietários de terras dessas regiões.
enfrentamentos dos cangaceiros contra as tropas oficiais dos estados, bem como contra as tropas de jagunços, que eram mercenários contratados por fazendeiros.
deslocamento do centro econômico para o Sul do Brasil desde o século XVIII, agravando as questões fundiárias no Nordeste e desestabilizando as relações de compadrio.
implantação do regime federalista no Brasil e consequente autonomia das províncias, fortalecendo as oligarquias regionais, reforçadas, com a política dos governadores iniciada por Campos Sales (1899-1902).