O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, stou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.
ANDRADE, M, Poesias completas. Belo Horizonte: Wa Rica, 1993.
O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, stou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio,
De novo porém
Não sou mais ninguém.
ANDRADE, M, Poesias completas. Belo Horizonte: Wa Rica, 1993.
O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente concentração populacional nos centros urbanos geraram mudanças importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida na metrópole aparece representada pela contraposição entre
A questão pede para identificar a contraposição que representa a vida na metrópole, conforme expresso no poema de Mário de Andrade.
Análise do Poema:
Interpretação no Contexto da Metrópole:
O poema retrata uma experiência comum na vida urbana moderna: o paradoxo de estar cercado por muitas pessoas (multidão) e, ainda assim, sentir-se só (solidão) ou perdido na massa anônima. A concentração populacional, mencionada no enunciado, leva a essa dinâmica onde a proximidade física não garante conexão humana ou reconhecimento individual.
Conclusão:
A principal contraposição explorada no poema é entre o estado inicial de solidão física, a breve sensação de companhia, e o estado final de solidão em meio à multidão. A experiência do eu lírico vai da solidão individual para a solidão coletiva, característica da vida na metrópole.
Portanto, a alternativa que melhor captura essa dinâmica é a que opõe a solidão (presente no início e, de forma diferente, no fim) à multidão (presente no fim).
A alternativa correta é a A.
Interpretação de Texto Poético:
Análise de poemas envolve identificar o eu lírico, seus sentimentos, as imagens criadas, a estrutura do texto e a linguagem utilizada para compreender a mensagem ou sensação transmitida.
Modernismo Brasileiro (1ª Fase):
Mário de Andrade foi uma figura central da primeira fase do Modernismo no Brasil (década de 1920-1930). Essa fase buscou romper com o Parnasianismo, valorizando a linguagem coloquial, o cotidiano, temas nacionais e a experimentação formal. A vida urbana e suas contradições foram temas frequentes.
Temática Urbana na Literatura:
A literatura frequentemente explora a experiência da vida nas grandes cidades, abordando temas como o anonimato, a solidão em meio à multidão, a velocidade, a fragmentação das relações e a sensação de perda de identidade individual.
Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.