O barroco ama a metamorfose e a inconstância, possui um agudo sentido das variações que secretamente alteram toda a realidade e busca no movimento e no fluir universal a essência das cores e dos seres.
(Teoria da Literatura, de Vítor Manuel de Aguiar e Silva, Livraria Almedina, Coimbra-PT, 8.ª edição, 1988, p. 494)
Assinale a opção cujo fragmento confirme as observações feitas pelo analista sobre a literatura do Barroco:
Fermosos olhos, quem ver-vos pretende
A vista dera em preço se vos vira,
Que ainda que perder-vos a sentira,
A perda de não ver-vos não se entende (...).
(Francisco Rodrigues Lobo)
Sinto-me, sem sentir, todo abrasado
No rigoroso fogo que me alenta;
O mal que me consome me sustenta,
O bem que me entretém me dá cuidado.
(Antônio Barbosa Bacelar)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas, a alegria.
(Gregório de Matos)
As razões não hão de ser enxertadas, hão de ser nascidas. O pregar não é recitar. As razões próprias nascem do entendimento, as alheias vão pegadas à memória e os homens não se convencem pela memória, senão pelo entendimento.
(Padre Antônio Vieira)
Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara?
(Gregório de Matos)